Se comparado com o time multicampeão nas mãos de Renato Portaluppi, o Grêmio vem apresentando há algum tempo um processo de enfraquecimento. O símbolo desta queda vinha sendo a figura de Maicon, o grande condutor da equipe nos melhores momentos e que agora sucumbe diante dos problemas físicos. Houve também as perdas como da qualidade técnica de Luan ou da impetuosidade com gols de Everton Cebolinha. A única certeza positiva que se tinha é que a defesa, quando recomposta com Geromel e Kannemann, evitaria mais tensões. Não evitou. O jogo contra o Fortaleza mostrou uma realidade até então inimaginável. A dupla não funciona mais como antes.
Na temporada 2020 já havia chamado a atenção a dificuldade para Renato escalar seus dois zagueiros titulares juntos. As lesões foram responsáveis praticamente pela dissolução da parceria defensiva que é a melhor da história gremista. Quando um jogava, o outro estava fora e, na hora de atuarem juntos, foram vistas performances sem a mesma sintonia de outrora em função da falta de ritmo. No caso de Pedro Geromel passaram a ser perceptíveis os efeitos da idade que, quando em condição física plena, são minimizados pela grande qualidade técnica. Kannemann é mais jovem, mas também perdeu desenvoltura, velocidade e tempo de bola. Falhas e faltas acontecem com uma frequência inédita.
Não há como os gremistas terem tranquilidade vendo seus dois zagueiros históricos perderem desempenho, logo eles, tão vitoriosos, entrosados e merecedores de prêmios ano após ano no futebol brasileiro. Em especial o lance que gerou o pênalti desperdiçado pelo Fortaleza e a expulsão de Kannemann simboliza o tamanho do problema.
Não há como pensar em uma substituição da dupla imediatamente, até porque ela ainda é melhor do que muitas outras que disputam o campeonato brasileiro. O que amedronta é o futuro porque a zaga "nota 10" hoje está próxima de um "7".