Muitos já queriam uma troca no ataque do Grêmio desde antes da virada do ano. Ferreira é um jogador pedido pelos torcedores e por boa parte da imprensa há muito tempo. Renato Portaluppi sempre se mostrou cauteloso, falou em "jogador verde" e chegou a desafiar os críticos a apontarem quem deveria sair. Agora vieram respostas suficientes par o treinador repensar e mudar de decisão.
Ferreira acumulou méritos para ser titular. Ele tem a ousadia e a verticalidade que não existe mais nos seus companheiros, mesmo naqueles que se notabilizavam por essa característica, caso específico de Pepê. Mais do que o ímpeto, há efetividade. De seus pés saem jogadas, com dribles, cruzamentos, assistências e gols. É disto que o Grêmio precisa diante do Palmeiras.
Não bastassem as virtudes crescentes de Ferreira, a questão imposta pelo treinador passou a ter resposta, até duas. Pepê atualmente pode sair da equipe e Alisson também não é mais o absoluto que já foi. Qualquer um pode ficar no banco para que Ferreirinha comece a final da Copa do Brasil em São Paulo.
Dos dois candidatos a cederem a titularidade, incrivelmente Pepê é quem está pedindo para sair. Dizer que o atual titular está com a cabeça em Portugal não é necessariamente a verdade. Alguns dados precisam ser analisados como o excesso de jogos dele desde o ano passado, bem como a rigidez cada vez maior dos marcadores que passaram a respeitá-lo como se fosse a reencarnação de Everton Cebolinha. O futuro atacante do Porto não resistiu e sua fase o torna menos fundamental, por exemplo, do que Alisson, seu correspondente pelo lado direito.
Alisson, embora também viva uma sequência bem mais pálida do que a apresentada antes da lesão sofrida em outubro e que o deixou fora do time por dois meses, tem sido mais participativo e multifuncional. Taticamente o meia-atacante se mostra com participação mais ativa e efetiva. Sua presença no time dá uma consistência maior ao meio-campo, mesmo que longe do ideal. Isto não é garantido se Ferreira entrar ali desde o início do jogo com Pepê atuando na esquerda. Haveria uma necessidade de formatação diferente da equipe, algo que requer tempo para ser implantado.
O resumo de tudo é que Ferreira merece ser titular e Pepê, valendo mais de 15 milhões de euros ou não, pode ficar na suplência, quem sabe se tornando uma alternativa valiosíssima para o decorrer da final. A hora é de quem está bem e que não é tão conhecido dos adversários. O Grêmio precisa de ofensividade com organização tática. O sistema, com uma troca do lado esquerdo do ataque, não será violentado, e provavelmente ganhará a objetividade que não está sendo obtida.