Uma casa de 70 anos, ao lado da loja de móveis que virou ruínas com a queda do avião em Gramado, saiu praticamente ilesa do desastre. Os moradores, Henrique Herrmann, de 69, e Deisi Herrmann, de 62, ambos aposentados, também não sofreram nenhum dano.
Apenas algumas árvores e uma cerca viva separam a residência dos Herrmann do local que serviu de pouso derradeiro e fatal do avião da família Galeazzi. No topo de sua copa, uma ameixeira exibe as folhas calcinadas pelo fogo que transformou tudo em escombros.
– Foram as árvores e a cerca viva que protegeram minha casa. Porque, do outro lado, tudo ficou queimado – lastima Henrique.
Desde quarta-feira (18) eles estavam na praia, em Arroio Teixeira, no Litoral Norte, na companhia dos dois cachorros. A filha também tinha desocupado o lar, indo viajar a passeio na Austrália.
Retornaram com urgência quando souberam que Gramado, às vésperas de seu mais importante evento turístico, tinha virado palco de uma tragédia. Fragmentos do avião repousavam no gramado da casa em que moram há 25 anos. As vidraças das janelas viraram cacos espalhados pelo piso de madeira.
– Nunca imaginei uma coisa dessas, muito menos ver a perícia no meu terreno procurando vestígios das vítimas – diz Denisi.
Passaram a noite de domingo (22) na residência enquanto as retroescavadeiras faziam o trabalho de remoção dos destroços madrugada afora. A casa acabou servindo de ponto de apoio onde policiais, brigadianos, bombeiros e demais agentes puderam tomar um cafezinho e utilizar o banheiro.
– Eu tô tranquilo, porque, graças a Deus, só tivemos perdas materiais –resume Henrique.