O final tardio da temporada 2020 do futebol para o Grêmio gira em torno de muitas e importantes indefinições. Dentro do campo, há o final do Brasileirão com a busca de uma vaga na Libertadores, preferencialmente na fase de grupo. Logo em seguida, e mais importante, está a a decisão da Copa do Brasil, significando possibilidade de um hexacampeonato e da conquista de milhões de reais para o clube.
Só então se falará com clareza da temporada 2021, com a definição do comando do time. A permanência de Renato Portaluppi sempre foi uma tendência, mas há motivos para a aposta não ter 100% de garantia.
Numa hipótese pessimista, não há como pensar o Grêmio fora da Libertadores, ainda que na fase preliminar. Por menos preferencial que isto seja, fica aberta uma necessidade de adaptação rápida do trabalho da nova temporada e nada mais lógico do que manter quem está e que domina o ambiente, por mais que digam que há desgaste. A não ser por um desastre ou vexame na Copa do Brasil, o cenário está pronto para ter os mesmos atores.
A novidade surgida nos últimos dias coloca Renato Portaluppi na mira do Atlético-MG, caso Jorge Sampaoli não permaneça. Milionário e gastador, o Galo é a perspectiva rara no Brasil de um salário astronômico para qualquer técnico e poderia seduzir o mais longevo de todos no futebol brasileiro, alguém com a possibilidade ou a vontade de mudar de ares.
Caberá ao Grêmio, se for de sua vontade o uma necessidade, competir com os mineiros. O dinheiro pode ser uma arma menos potente, mas só o Tricolor tem uma coisa a oferecer que nenhuma outra agremiação pode dar a Renato: o domínio do ambiente.
Se um dia não foi para o Flamengo, mesmo muito assediado, Renato ficou no Grêmio porque sabe que está em casa como não estará em outro lugar. Não é só uma questão financeira, embora seja muito bem remunerado em Porto Alegre.
Na Arena ou no CT Luiz Carvalho ele é lenda, estátua e maior nome da história. Há quem diga que o treinador gremista manda tanto quanto o presidente.
Exageros à parte, ele goza de uma condição muito diferente neste sentido do que viverá longe da Arena. Não haverá trabalho de mais de quatro anos em outro clube para o maior ídolo tricolor. Uma série de resultados negativos, eventuais títulos perdidos ou goleadas sofridas não o encontrarão protegido por um verdadeiro escudo azul, preto e branco.
As contingências, embora um inevitável desgaste existente numa relação duradoura, podem até precipitar mudanças no comando do Grêmio a partir de março. É do jogo, do profissionalismo, da lei do mercado. Talvez uma necessidade. Isto, porém, só acontecerá se Renato se render a um alto salário, abrindo mão de algo que só o Grêmio pode lhe dar, o controle e a autonomia reservados a ídolos, grandes ídolos.