O anúncio de que Renato Portaluppi vai permanecer no Grêmio até o final do Brasileirão não surpreendeu. É apenas o ajuste de que o profissional estará á frente de seu time durante toda a atípica temporada de 2020. Lembrando que suas renovações de contrato nunca foram arrastadas, o que aconteceu foi apenas uma formalidade. O fácil acerto, porém, já deixa muito clara a ideia de que em fevereiro do ano que vem uma nova negociação acontecerá e o final tende a ser o mesmo. É mais do que uma tendência que o treinador mais uma vez entre em acordo com o clube e siga comandando o time até 2022.
Certa vez, em 1994, o ex-presidente gremista Fábio Koff disse que o técnico Luiz Felipe Scolari só sairia do Grêmio quando ele deixasse a presidência. Aquela era uma resposta a críticos de Felipão que ainda não havia conquistado a Libertadores ou o Brasileirão. Koff saiu do cargo em dezembro de 1996, e o treinador se transferiu para o Japão. A parceria de Romildo Bolzan Júnior com Renato é muito semelhante. O atual mandatário comandará o clube até o final de 2022 e a história pode se repetir.
Há alguns fatores que favorecem a permanência do treinador para a próxima temporada. O primeiro deles é a falta de assédio. No mercado brasileiro Renato é muito valorizado, mas nenhum clube que tenha estofo financeiro para contratá-lo dá sinais de mudança de comando. Mesmo o sempre falado Flamengo agora dá mostras de ter contratado Rogério Ceni para um período mais longo de trabalho. No Grêmio, embora nos últimos meses tenham surgido críticas ao técnico, a resposta positiva dentro de campo sufocou momentaneamente os detratores e consolidou a ideia do comando do vestiário e capacidade de resolver os problemas de campo.
Para o clube, caso resolva mudar seu comandante após o Brasileirão, haverá uma séria dificuldade. Será muito difícil para qualquer profissional ser o substituto de Renato Portaluppi. Seja quando for, quem chegar carregará o fardo de suceder um recordista e o maior nome da história gremista dentro e fora das quatro linhas. Se hoje há algumas discussões em torno do trabalho de quem é estátua na frente da Arena, imaginem o que pode acontecer com quem ocupar seu posto.
Não estamos diante de um Alex Ferguson tricolor. O lendário e longevo comandante britânico do Manchester United ficou 27 anos no cargo e ganhou tudo. Renato Portaluppi; entretanto, dentro da realidade brasileira em que treinadores são descartáveis, passou a ser uma exceção com muita chance de aumentar seu recorde de permanência. Numa sintonia perfeita com seu presidente, a dissolução desta dupla não tem previsão de se encerrar antes de 2022.