Há uma série de bons motivos para os colorados estarem otimistas após a vitória sobre o Vasco em São Januário. Está mantida a liderança do Brasileirão com um ponto de vantagem sobre o Flamengo, o Colorado foi superior em sua atuação diante do time de Vanderlei Luxemburgo, Thiago Galhardo voltou ao time marcando um gol, e a substituição de Patrick aconteceu de maneira satisfatória. Há, porém, uma herança no mínimo preocupante deixada do confronto no Rio de Janeiro: o terceiro cartão amarelo de Victor Cuesta.
Tudo estaria perto da perfeição para Abel Braga escalar a equipe para a decisão do Maracanã, no próximo domingo (21), ainda que já soubesse da quase impossibilidade de contar com Rodinei, que pertence ao clube carioca. Mesmo que Heitor tenha sido preterido pelo treinador para a equipe principal, ele já demonstrou capacidade de encarar desafios importantes, tendo muitos colorados que o defendem como titular. O que transforma o cenário defensivo num grande problema é a perda de Cuesta, para o qual não há substituto.
O setor defensivo já está carente de Rodrigo Moledo pelo lado direito. Lucas Ribeiro vem sendo satisfatório como reposição, mas está longe da segurança dada pelo titular e tem se valido exatamente da companhia de Víctor Cuesta, a qual não terá no Maracanã.
Para o lugar do argentino, há duas opções jovens que não deixam nenhum colorado tranquilo. Zé Gabriel chegou a ter bons momentos quando Eduardo Coudet o utilizou pela direita, mas caiu de produção e não mais atuou bem após inverter o lado. Abel já reconheceu que o garoto, que é volante de origem, precisa desenvolver-se em alguns pontos como zagueiro.
Além de Zé Gabriel, Pedro Henrique, outro garoto, aparece como alternativa. Com passagens por seleções de base e algumas incursões na equipe principal colorada, ele tem menos rodagem do que Zé Gabriel, não havendo certeza de que não sentirá o fato de jogar com uma parceria pouco testada e enfrentando um ataque que, se não tiver Gabigol, apresentará Pedro, Bruno Henrique e companhia para atormentá-lo. Há ainda Matheus Jussa, aquele jogador que foi contratado especialmente para ser alternativa a Cuesta e que nunca animou jogando em outras posições, como volante e lateral-esquerdo.
Abel Braga precisará usar de sua experiência de técnico, mas, acima de tudo, de quem foi zagueiro. Pensar em alguma improvisação é quase fora de cogitação. O trabalho do técnico será o de preparar minuciosamente sua defesa, seja na movimentação dos zagueiros, como na proteção dos meio-campistas.
Não é exagero considerar esta situação pontual como dramática. Quem entrar terá sobre si um peso enorme, não contando com a experiência para ajudar, mas certamente apostando na energia, tão típica da juventude.