Não tem como o presidente Marcelo Medeiros não ter imaginado o tamanho da consequência do desligamento por atacado de dirigentes do seu primeiro escalão nessa sexta-feira (25). Ele é experiente. Até falou das suas origens no seu pronunciamento. Além de quatro vice-presidentes, incluindo o de futebol, e um assessor da presidência, as horas que se seguiram coincidiram com pedidos de demissão de dirigentes de escalões inferiores, mas encarregados de áreas importantes como as categorias de base e o futebol feminino. Medeiros devia saber que haveria esta debandada, visto que ali estão pessoas ligadas a movimentos políticos que eram parceiros e que agora passarão a ser oposição.
Em meio a jogos importantes do time colorado, seja no Brasileirão ou na Libertadores, há um desmanche político no clube. Não se tem notícia na história colorada recente de tanta gente saindo ao mesmo tempo. Preencher as vagas passou a ser a nova missão do presidente que agora precisará se valer unicamente de seu movimento político, um grupo desgastado pelos anos de poder e pela recente falta de dinheiro e títulos. Nem a herança maldita recebida por Medeiros é justificativa completa, visto que seu antecessor, bem ou mal, nunca deixou de ser da mesma corrente política, ainda que distanciado.
Enquanto Marcelo Medeiros tenta remontar sua diretoria, vai depender de seus executivos, em especial Rodrigo Caetano no futebol. Será complicado para o dirigente se dividir e dar a atenção merecida ao departamento mais importante do clube num momento de queda de rendimento técnico do time e trauma após mais uma derrota em Gre-Nal. Neste momento, só o time de Eduardo Coudet pode devolver uma certa tranquilidade institucional ao Inter. Mal sabe o treinador o quanto é importante ganhar do São Paulo neste sábado (26) e se classificar para as oitavas-de-final da Libertadores. O campo pode servir como alicerce para reconstruir uma estrutura que passou por um desmanche.