O Ministério Público (MP) apresentou, na manhã desta quarta-feira (6), o resultado das investigações em cima de irregularidades na gestão de Vitorio Piffero no Inter no biênio 2015/2016. GaúchaZH relembra como foi o caso, desde que as contas da gestão foram reprovadas no Conselho Deliberativo do clube, em 2017.
Confira:
Em 7 de abril de 2017, no dia do banquete pelo aniversário de 108 anos do Inter, o Conselho Fiscal emitiu parecer recomendando ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas de 2016 da gestão Vitorio Piffero.
Em 17 de abril de 2017, o Conselho Deliberativo, em votação, decidiu acatar a recomendação do Conselho Fiscal e reprovou as contas de 2016. O pedido de abertura de sindicância para investigar as "graves falhas de controle interno" também foi acolhido.
Em 5 de setembro de 2017, o Conselho Deliberativo, em reunião extraordinária, ouviu a apresentação de um diagnóstico das finanças do clube, feito pela Ernst & Young a pedido da gestão de Marcelo Medeiros. Os consultores apresentaram inconsistências em contratos de obras que custaram ao clube R$ 9 milhões. Os conselheiros votaram pela criação de uma comissão especial para investigar os gastos na gestão Piffero.
Nos dias 23 e 24 de março de 2018, o GDI publicou as primeiras reportagens, revelando que o clube pagou R$ 10 milhões para cinco empresas inexistentes ou inativas por obras que jamais foram identificadas por auditorias contratadas pelo Inter. Os pagamentos das notas eram avalizados pelos vice-presidentes Pedro Affatato, de Finanças, e Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio.
Em 5 de abril de 2018, reportagem do GDI revelou que empresa de familiares do ex-vice presidente de Finanças Pedro Affatato prestou serviços de instalação de guard-rails ao custo de R$ 1 milhão. A prática é vedada pela Lei do Profut, que proíbe contratos entre clubes e empresas da quais façam parte gestores das agremiações ou familiares deles.
Em 4 de maio do ano passado, o GDI divulgou que o ex-vice-presidente de Finanças do Inter Pedro Affatato apresentou sete notas fiscais da empresa Keoma para justificar saques de R$ 635 mil. As notas apontavam que a Keoma realizou serviços no CT do clube em Guaíba entre 2015 e 2016. Entretanto, naquela época, o clube não tinha licença de instalação no terreno. Jamais foram executadas obras no local.
Em 18 de maio de 2018, reportagem do GDI apontou que o ex-vice-presidente de Patrimônio Emídio Marques Ferreira teve como responsável técnico em suas empresas particulares o engenheiro Ricardo Bohrer Simões, que tinha vínculo com três empresas que cobraram R$ 6,9 milhões do Inter por obras que não teriam sido realizadas.
Em outubro do ano passado, a Comissão Especial de Apuração do Conselho Deliberativo concluiu o trabalho, condenando o ex-presidente Vitorio Piffero e os ex-vices Pedro Affatato, de Finanças, Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio, e Alexandre Limeira, de Administração, a ficarem impedidos de ocupar cargos elegíveis em entidades esportivas por 10 anos.
Em 20 de dezembro do ano passado, o Gaeco deflagrou a Operação Rebote. Os relatórios das investigações somam mais de 3,7 mil páginas e embasam cumprimentos de 20 mandados de busca e apreensão em residências e empresas na Capital, em Eldorado do Sul e Viamão. O MP define a gestão 2015/2016 como uma "associação criminosa".
Em maio deste ano, a Comissão de Ética do Conselho Deliberativo do Inter decidiu excluir do quadro social do clube o ex-presidente Vitorio Piffero e o ex-vice de finanças Pedro Affatato. A decisão foi tomada a partir da denúncia elaborada pela Comissão Especial do Conselho.
O Ministério Público Estadual anunciou, na manhã desta quarta-feira, em entrevista coletiva na sede do órgão, em Porto Alegre, a formalização da denúncia criminal contra 14 pessoas, entre ex-dirigentes, profissionais liberais e empresários de jogadores de futebol pelas supostas fraudes que ocorreram no Inter na gestão 2015/2016. A investigação apontou desvios superiores a R$ 13 milhões. A peça do MP irá tramitar na 17ª Vara Criminal de Porto Alegre. Entre os crimes apontados pela investigação, estão estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.