Nem sempre vencer o Gauchão é a maior ambição em uma temporada para gremistas e colorados. Vira e mexe e os olhos estão mais voltados para disputas nacionais ou a sempre tentadora Libertadores da América. Há; entretanto, momentos em que é fundamental ser campeão estadual. Isto se dá na hora da carência de conquistas. Assim foi com o Grêmio de Fábio Koff nos anos de 1990, cujo primeiro dos inúmeros títulos foi o regional de 1993. Koff, tempos depois, ironizaria a competição a chamando de "cafezinho", mas por puro despeito. O Inter dos tempos áureos de Fernando Carvalho começou o caminho rumo ao título de Yokohama vencendo na aldeia o certame de 2002.
Para 2020 a necessidade maior de título é colorada. O jejum vem desde 2016, seja em conquistas regionais, nacionais ou internacionais. A atual gestão que cumpre seu segundo mandato não tem nenhuma taça conquistada. Seu grande e incontestável mérito é a recuperação institucional do clube a partir de 2017, mas isto não satisfaz o torcedor. A perda da Copa do Brasil no ano passado, chegando até a final, ou o Gauchão perdido nos pênaltis foram golpes duríssimos. Por isto o investimento alto na mudança de filosofia com a busca de um técnico campeão na Argentina. Passou a ser um tudo ou nada o ano de 2020 e o Gauchão passou a ser o objetivo primeiro, mesmo sem ser o maior. É obsessão ganhar o Gre-Nal da próxima quarta-feira (5) não só pela quebra de um jejum de cinco clássicos, mas pela necessidade de voltar a sentir um gosto que não sente há quatro anos.
Claro que o Grêmio tem sentimento semelhante, mas o efeito negativo de uma hipotética perda do Gauchão provavelmente não terá sinais imediatos. A estrutura gremista recuperou ainda em 2016 um ciclo virtuoso sob os comandos de Romildo Bolzan Júnior e Renato Portaluppi. Há dúvidas quanto ao desgaste no funcionamento das engrenagens. Dentro de campo o encantamento não parece ser o mesmo, internamente no clube já se discute se há validade na fórmula, mas nada que permita se falar em desastre se o campeonato estadual for perdido. É óbvio que haverá uma turbulência, mas o que foi conquistado até 2019 cria um lastro. Aumentarão cobranças para certames mais difíceis que vêm pela frente, mas o caráter corrosivo de um insucesso regional tende a ser controlado.
O Gauchão para o Grêmio é um título muito cobiçado e importante para evitar uma instabilidade. Para o Inter é fundamental, questão he honra, Copa do Mundo para gerar um período estável. Tudo isto não estará na final do campeonato. Está tudo resumido a um Gre-Nal na quarta-feira (5) e que vale apenas meio título.