Não existe nada mais normal no futebol do que jogadores, ao longo das carreiras, mudarem suas posições ou até trocarem de setor. Assim acontece com inúmeros volantes que viram zagueiros, laterais que vão para o meio-campo ou vice-e-versa, ou até atacantes e meias ofensivos que passam a jogar mais recuados. A tendência é esta: os atletas ficarem em posições mais defensivas em função da questão física. Com Diego Souza, foi o contrário. Ele subiu na escalação, e muito bem, a ponto de já poder disputar com Hernán Barcos a condição de melhor centroavante do Grêmio desde a inauguração da Arena.
Quem lembra da primeira passagem de Diego Souza no Grêmio, em 2007, recorda um volante técnico e com muita força, capaz de combater no setor intermediário, armar jogadas e chegar à frente com muito perigo, seja nos arremates como nas bolas aéreas. Sem ser veloz, tinha energia e bom posicionamento.
A capacidade para marcar gols o fez jogar mais adiantado e se tornar cada vez mais artilheiro. Especialista em gols bonitos, foi fixado como centroavante apenas no Sport, em 2014 — jogava ao lado de outro jogador da posição, André, o mesmo que estava no Grêmio até poucos dias.
Vale lembrar a trajetória de Diego Souza porque ela mostra alguém vocacionado para fazer gols em qualquer posição que tenha jogado. Seu senso de colocação e capacidade de finalização são enormes, bem como a inteligência tática para se posicionar bem e economizar energia, algo importante para quem é pesado e está na casa dos 35 anos.
Sua amostragem como homem terminal do Grêmio é pequena ainda, mas significativa. Se é verdade que Hernán Barcos teve uma passagem muito boa pela Arena entre 2013 e 2015, o atual centroavante mostra mais intimidade com a bola e até mais oportunismo. Talvez Diego não vá ter tempo de ser uma unanimidade em relação a Barcos, mas já pode se estabelecer uma comparação em alto nível — e até considerá-lo superior como individualidade.
Fora da final contra o Caxias, Diego Souza é insubstituível no time em função de sua característica única no elenco. Ele, embora visto com desconfiança quando de sua contratação, foi o melhor reforço do Grêmio para 2020 — acima até dos eficientes laterais Victor Ferraz e Orejuela. Centroavante "de carteirinha", conforme se diz, talvez tenha feito o documento muito tarde, mas esta experiência transformou a carteira num verdadeiro diploma.