Diego Souza, quando chegou ao Grêmio pela primeira vez, em 2007, chegou como volante. Naquela época, a torcida do Grêmio estava acostumada à seriedade eficiente de um Dinho, de um Goiano, de um Sandro Goiano. Ao ver Diego Souza praticando malabarismos na frente da área, os torcedores ficaram desconfiados. Aquilo era estranho, parecia haver alguma coisa errada. Afinal, eles sempre preferiram o carrinho ao toque de letra.
Esse sentimento fazia parte de uma espécie de código genético do clube. Não por acaso, um dos gremistas mais notórios, Eduardo Bueno, o “Peninha”, escreveu um livro sobre a história do Grêmio e o dedicou “ao volante de contenção”, explicando: “O nosso 10 é o 5”.
Assim, Diego Souza foi cautelosamente deslocado da meia-lua para a intermediária. Tornou-se segundo volante, fazendo companhia ao armador, Tcheco. Mas como ele mostrava afeição às jogadas de ataque, logo o promoveram a meia. Foi nessa condição que ele saiu do Grêmio, no fim da primeira década do século.
E foi-se, Diego Souza, ser gauche na vida, percorrer o vasto mundo. Jogou no Rio, em São Paulo, em Minas, em Pernambuco, na Ucrânia e até nas Arábias, e voltou. Só que, agora, era outro. Era centroavante. Mais: centroavante de posicionamento, que joga entre os zagueiros, que faz parede, que dá ombraço na marca do pênalti.
Como é que pode? Ser centroavante, todo mundo sabe, é para os vocacionados. É uma função específica e especializada, não é nem para jogador de futebol, é para marcador de gol. Então, em tese, um centroavante não se criaria. Centroavante nasceria feito.
Só que Diego Souza quebrou essa tese. Diego Souza era jogador de bola e se transformou em centroavante. Olhando-o em campo, é como se ele sempre tivesse feito daquele jeito, como se ele sempre tivesse sido 9, ganhado dos zagueiros pelo alto, dando testaço na bola, metendo-a para o gol com um toquinho ou deitado no chão, sempre alerta dentro da pequena área, como um Romário, um Dario, um Jardel, um Alcindo ou até como o maior de todos: Laerte, o Urso.
A essa altura da vida, Diego Souza se achou. Ele é centroavante. E, sendo centroavante, Diego Souza é especial.