Quem viu Renato Portaluppi com máscara no banco de reservas na partida do Grêmio contra o São Luiz no dia 15 de março e o acompanhou com discurso claro pela suspensão do futebol ficou com certeza quanto à posição do treinador diante da ameaça de uma pandemia que dava seus primeiros sinais no Brasil.
Na mesma linha, ele teve a coragem de contrariar, em conversa privada, seu admirador Jair Bolsonaro que queria uma volta do futebol muito antes dos protocolos serem definidos. Integrante de grupo de risco em função das cirurgias cardíacas, o técnico foi preservado da volta dos trabalhos pelo clube, mas cometeu deslizes no comportamento no Rio de Janeiro que permitiram justificados questionamentos quanto à sua coerência.
Não foi bom ver o ídolo e comandante tricolor nas praias no Rio de Janeiro em mais de uma ocasião durante o período de distanciamento, ainda mais estando a cidade com regramento claro de proibição para isto. Ser convidado a se retirar da orla no domingo (12) é algo que não condiz com o defensor do uso da máscara e que falou em "greve" na Arena em março.
Renato Portaluppi é homem público, é líder, é exemplo. Se muita gente colocou máscara porque ele usou num jogo e numa coletiva, outros tantos podem achar que é normal ir à praia totalmente desprotegido e com os amigos.
Todos sabem que deve ser uma tortura para Renato Portaluppi, com seu espírito e sua inquietação, ficar recluso, ainda que num apartamento luxuoso e com piscina. Ele não nasceu para ser marcado, nem nos tempos de jogador e nem na vida cotidiana. Só que agora não pode e quem disse isto foi o próprio Renato. Na linguagem bem coloquial, "foi mal".
Que a volta a Porto Alegre nesta segunda-feira (13) sepulte os deslizes, o coloque com seu grupo, comandando as atividades e cumprindo os protocolos rígidos no CT Luiz Carvalho e fora dele. O Renato que precisa estar de volta é o da máscara, preocupado, e não o da praia, incapaz de cumprir a necessária reclusão.
Os gremistas se inspiram em Renato, a diretoria mostrou que se preocupa com ele e o liberou por dois meses, os fãs o querem sendo avaliado ou cobrado pelo trabalho. Que seja um feliz reencontro do treinador com seus companheiros de trabalho e com antigas atitudes, ninguém vai criticá-lo por ser mascarado.