Além de todas as preocupações que tem no momento com a paralisação do futebol, o Grêmio tem um ponto extra a ser observado: Renato Portaluppi faz parte de grupo de risco, já que passou por duas cirurgias cardíacas desde 2019.
O treinador de 57 anos foi submetido à primeira intervenção em janeiro de 2019, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Na oportunidade, ele fez a correção de um problema que já vinha o incomodando há alguns anos, uma arritmia.
— Ele tem uma fibrilação atrial do atleta. É o crescimento da musculatura que todo o atleta tem, e essa musculatura pode desenvolver focos de corrente elétrica que levam a arritmia —disse à época o médico gremista Paulo Rabaldo, que acompanhou o procedimento junto ao chefe de cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, Leandro Zimerman.
A arritmia do técnico do Grêmio costuma ocorrer com ex-atletas em razão da carga prolongada de exercícios ao longo da carreira. Com o tempo, a musculatura do coração fica um pouco mais forte e as partes superiores, os átrios, que costumam ser mais delicadas, aumentam e desenvolvem zonas de fibrose, como cicatrizes. Quanto mais delas, mais chance de arritmia.
Em janeiro deste ano, no Rio de Janeiro, Renato voltou a passar por um procedimento. Segundo explicou Leandro Zimerman, que mais uma vez fez a cirurgia, acompanhado de Rabaldo e do cardiologista Eduardo Saad, o treinador se enquadrou em um percentual de 20% a 30% dos casos em que a intervenção precisa ser repetida.
O retorno de Renato Portaluppi a Porto Alegre ocorrerá na próxima terça-feira. Nesta data, o clube iniciará a avaliação clínica e a testagem dos jogadores para coronavírus no CT Luiz Carvalho.
— Quando ele chegar, nós vamos conversar e submetê-lo à testagem. Vamos passar as orientações que fazem parte do nosso protocolo — disse o médico Márcio Dornelles, que ressalta que "a preocupação é a mesma com todos no clube".
Uma outra questão que vem sendo resolvida pela direção gremista é onde o técnico irá morar nos próximos dias. Assim como em suas duas passagens anteriores pelo clube, ele reside no Hotel Deville, localizado próximo à Arena e ao próprio CT gremista. Porém, o local está fechado por conta da pandemia.
Mesmo sendo hóspede fixo do local desde setembro de 2016, quando retornou para a Capital, Renato não poderá permanecer no local enquanto o funcionamento não for retomado. Desta forma, o clube providencia uma nova residência para o treinador até que a situação seja normalizada.