Diante da pandemia do coronavírus, as lideranças, em todas as áreas, estão desafiadas de maneira inédita. Do chefe de família, passando pelo síndico do prédio, chegando aos governantes e representantes de instituições, todos estão obrigados a falar às suas bases, mostrando atitudes e propondo um novo planejamento. Alguns podem fazer bizarrices, outros serão sábios. O que não se admite é a omissão.
Onde está a grande declaração do presidente da Confederação Brasileira de Futebol para ser difundida pelos veículos de comunicação e gerar pelo menos o debate de soluções propostas? A CBF está reclusa. Rogério Caboclo parece estar confinado num local sem meios de comunicação.
Por mais que seu competente representante, Walter Feldman, possa se manifestar, não é a palavra do grande líder (?). Os vice-presidentes se dizem impedidos de falar por orientação da “chefia”. É bom Caboclo ter a consciência de que seu cargo é tão público quanto o dos políticos que frequentam os poderes da República. Ele representa um símbolo do Brasil e responde por um mercado de milhares de trabalhadores que gravitam em torno do futebol.
Está mais do que na hora de uma projeção de Brasileirão ser aventada. Não precisa ser algo definitivo. Nada é nesta situação. É momento de se colocar na rua um plano efetivo de auxílio a clubes e atletas atingidos pela parada e com recursos exauridos por isto. Onde está a liberação de recursos oriundos dos lucros milionários do ano passado para alguma ação concreta? Já estão atrasadas as ações da CBF. Delegar para as federações a questão dos certames estaduais foi algo lamentável e simplista, digno de Pôncio Pilatos nos tempos em que lavar as mãos era algo negativo.
No misticismo afro-brasileiro, por vezes um espírito, uma entidade, se apossa de um corpo e mostra seus poderes. É o ato de "baixar", muitas vezes envolvendo "caboclos" que são os referidos espíritos.
É isto que precisa acontecer no futebol brasileiro, que literalmente tem o seu Caboclo. Mas ele está renitente em baixar. No caso, precisa baixar em forma de decisões, como fizeram Fifa e até a controvertida Conmebol. Está na hora da CBF mostrar uma nova cara, bem lavada e lambuzada com álcool em gel.