Os clubes pequenos reclamam da postura silenciosa da CBF. Temem que a falta de uma mão para ajudá-los poderá fazer com que sejam arrastados pelo rastro do coronavírus. A Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol também reclama do que considera omissão de uma entidade que faturou quase R$ 1 bilhão em 2019 e fechou o ano com lucro de R$ 190 milhões. Realmente, está faltando a presença efetiva da entidade e um auxílio aos clubes, principalmente àqueles 520 fora de qualquer série nacional e cuja temporada dura três ou quatro meses, no máximo.
Uma ação como a anunciada pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). O presidente Luis Rubiales fez na quarta-feira (25) anúncio de uma linha de crédito disponível de 500 milhões de euros para os clubes da primeira e segunda divisões – os que fazem parte da La Liga, entidade independente que gere os dois principais campeonatos.
Para os clubes da Segunda B e da Terceira Divisão, além daqueles de futebol feminino e futsal afiliados, virá um socorro. A Real Federação disponibilizou 4 milhões de euros para que os clubes busquem empréstimos e possam bancar salários dos atletas e técnicos nesse período de paralisação. Eles terão dois anos para quitar a dívida, sem juros. Também estarão livres as taxas anuais para participar de competições e não sofrerão punições caso venham a atrasar salários e negociem parcelamento das mesmas.
A entidade se comprometeu a manter a ajuda de custo que paga todas as temporadas. Os clubes da Segunda B recebem entre 43 mil euros e 105 mil euros cada um. Os times da liga feminina dividem 500 mil euros. Por fim, ainda recorrerá à Uefa para sacar o fundo direcionado às categorias de base, que destina entre 4,6 milhões de euros, para ser dividido entre os 18 da elite, e 2,3 milhões, para os da terceira divisão.
Na Alemanha, a Bundesliga também saiu em socorro dos clubes menores e ganhou o apoio dos quatro mais ricos do país, o Bayern, o Borussia Dortmund, o Bayer Leverkusem e o RB Leipizig. A entidade reservou 45 milhões de euros do último contrato de TV, que seriam usados para projetos estratégicos, como a criação do canal próprio de TV.
Caso esse valor não fosse usado para esse fim, ele será redistribuído entre os clubes. Bayer, Dortmund, Leverkusen e Leipzig, o quarteto da Liga dos Campeões, dividiriam uma fatia de 12,5 milhões. Eles decidiram abrir mão e, além disso, doaram outros 7,5 milhões. Assim, a Bundesliga conta com 20 milhões de euros em caixa para sair em auxílio dos clubes menores. Fica o exemplo dado.