Quando resolveu contratar Eduardo Coudet, o Inter não tinha garantido sua presença na Libertadores, ainda que estivesse próximo até da vaga direta para a fase de grupos. Não houve, porém, o condicionamento do acerto em função da disputa da competição continental. A certeza que se tinha era de disputar o Gauchão no início de 2020. E bastava.
O Estadual que começa em janeiro é visto como Copa do Mundo no Beira-Rio. De todas as competições da próxima temporada, é a mais viável de ser vencida. Por menos significativa que possa ser, é a oportunidade de desafogar uma carência de conquistas que vem desde 2016, quando Vitório Piffero era o presidente. A atual gestão com Marcelo Medeiros recuperou o clube de uma situação institucional catastrófica, foi até reeleita, mas não conseguiu enriquecer o acervo de taças no museu colorado. A frase "Precisamos de uma tacinha, pelo menos uma", proferida numa brincadeira e em situação totalmente informal por um atual dirigente colorado, resume como todas as competições serão encaradas em 2020.
Há componentes políticos, é verdade, mas o anseio do torcedor é reconhecido pelos atuais dirigentes, a quem não basta como conquista a volta à primeira divisão brasileira, obtida em 2017, as boas campanhas no Brasileirão e na Libertadores ou o vice-campeonato da Copa do Brasil deste ano. O Gauchão é a única competição em que, na teoria, o Inter entra em 2020 como candidato forte ou favorito. Em todas as demais, tal condição precisará ainda ser conquistada. É por aí que o clube vai tentar nortear seus objetivos.
O final de 2019 criou algumas dificuldades para os colorados para chegar ao título gaúcho. A Libertadores começando na fase preliminar atrapalha em muito o calendário. Não há como deixar de priorizá-la. Além disso, a eventual chegada na fase de grupos faz com que haja uma situação totalmente atípica com a presença do Grêmio na mesma chave. A preservação de atletas será necessária, mas não deixando de lado o regional. Quem conhece o atual pensamento do Beira-Rio sabe o quanto valerá a disputa doméstica.