Os dentes podem guardar uma nova chave para o combate à covid-19. É o que mostrou uma pesquisa da UFRGS publicada no Journal of Clinical Periodontology, um dos mais respeitados da área no mundo. O estudo foi conduzido pela professora Sabrina Carvalho Gomes, também coordenadora da Residência Integrada em Saúde Bucal/Periodontologia (ramo da odontologia que cuida da saúde dos tecidos em volta dos dentes) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Foi lá que, em abril do ano passado, ela teve a ideia de investigar a possibilidade da presença do novo coronavírus no biofilme dental, a comunidade de bactérias, vírus e fungos antes conhecida como placa bacteriana.
Sabrina encontrou material genético do Sars-Cov2 em 18,6% dos 70 pacientes com sintomas de covid que foram investigados.
Agora, na segunda fase da pesquisa, realizada com pacientes na UTI, Sabrina quer descobrir se esse material genético corresponde a vírus ativos. Caso essa hipótese de confirme, novas intervenções, como limpeza completa dos dentes, seriam necessárias antes de uma eventual alta ou mesmo durante o tratamento de sintomas menos graves da doença. Nessa nova etapa, uma parceria foi oficializada com a PUC, que cederá seu laboratório para análises mais profundas.
A professora explica que essa colônia (biofilme dental) que se aloja nos dentes só pode ser removida mecanicamente, com escovação e raspagem, porque bochechos não são suficientes para eliminar estes microrganismos. A pesquisa da UFRGS, que começou com uma ideia e sem dinheiro, chamou a atenção de várias instituições estrangeiras. Sabrina estuda agora o convite de universidade inglesa para aprofundar seus estudos.