Ele já estava entre nós, mas sua presença, agora, não é mais um fator secundário na crise provocada pelo coronavírus. Além das UTIs, do distanciamento social, da economia e da busca pela vacina, há um movimento que se impõe: a gestão do cansaço.
Seis meses depois de a covid-19 ter chegado ao Brasil, vivemos um momento de saturação. Saturação que leva à irritação, à impaciência e à agressividade. Cada vez mais, pessoas e instituições dão sinais de que não aguentam mais ficar em casa, com lojas, bares, cinemas, escolas e parques fechados.
A questão agora é o que fazer com isso. Sucumbir e implodir o distanciamento é sim uma opção. Desde que tenhamos clareza sobre os riscos de uma reabertura imediata, mesmo que gradual. A questão não é o que acontecerá nas lojas, colégios e bares – que se adaptaram à nova realidade, na sua imensa maioria – mas fora deles, na movimentação das pessoas.
De fato, cabe a nós decidirmos qual é o caminho que nos levará a um futuro com menos perdas, porque não há cenário sem dor e nem respostas definitivas. E, depois, assumirmos a responsabilidade pelas nossas opções, mesmo que seja mais fácil apontar o dedo e descarregar os efeitos da fadiga no prefeito, no governador e no presidente.