De cada dez pacientes internados com covid-19 na Capital, quatro vieram trazidos de outras cidades. Essa proporção não difere muito da média normal, mesmo antes da pandemia. Embora possam fomentar sentimentos de injustiça, nada há de errado com esses números.
Cada vez mais, se solidifica entre especialistas o consenso de que hospitais precisam de escala para serem sustentáveis economicamente. Não é coincidência que, em outros países e também por aqui, há centros regionais de referência nas especialidades, para onde os pacientes de várias cidades convergem.
Há equipamentos tão caros em um hospital de alta complexidade que, se não forem utilizados o tempo inteiro, se tornam inviáveis. Precisam de fluxo constante para se pagarem. Vale o mesmo para equipes de profissionais altamente especializados.
O fato de a Capital absorver a maior pressão da demanda não isenta os prefeitos, especialmente os do Litoral, do Vale do Sinos e da Região Metropolitana, de acompanharem a publicação, feita pela Secretaria da Saúde de Porto Alegre, duas vezes por semana, da tabela com as origens dos pacientes internados. Ela traz informações relevantes para a avaliação da eficácia das medidas locais de isolamento e prevenção.
Independentemente disso, o fato Porto Alegre receber tantos pacientes de outras cidades não é apenas justo, como eficaz do ponto de vista econômico, considerando o volume de investimentos públicos e privados feitos em saúde na Capital. O que se deve pesar, nessa hora, é que não há sistema no mundo preparado para uma contaminação em massa. Em Nova York, em Londres, em Milão ou aqui.