É visível o esforço de Jair Bolsonaro para reduzir a geração de atritos. Mais do que uma opção, essa mudança é resultado da compreensão de que, caso a escalada de tensão seguisse ascendendo, seriam poucas as chances de que seu mandato chegasse ao fim.
Para que essa transformação se concretize, falta mexer em uma peça fundamental do governo: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Espalhou-se mundo afora a percepção de que ele não sabe cuidar do principal elemento da construção da nossa imagem no Exterior: a Amazônia. Entre o desmatamento descontrolado e a boiada passando, Salles se tornou um péssimo garoto-propaganda do governo e da marca Brasil. Se engana quem pensa que as reações vieram apenas da chamada esquerda internacional.
Preocupação com a sustentabilidade virou, não é hoje, um fator de mercado, especialmente na Europa, no Japão e nos EUA. Consumidores estão cada vez menos dispostos a comprar produtos associados à destruição da natureza. Essa não é mais uma questão ideológica.
Por isso, se Bolsonaro quiser mesmo acalmar os ânimos da opinião púbica mundial e dos investidores, precisará mexer no seu Ministério do Meio Ambiente. De certa forma, o ministro já está esvaziado. Quem responde hoje pelas ações de combate às queimadas e ao desmatamento é o vice-presidente, Hamilton Mourão. É uma situação patética. É como se, em um mesmo time, o goleiro assumisse a função de evitar os gols do próprio centroavante. Gols contra, importante ressaltar.