Entre os motivos para que Jair Bolsonaro parasse de falar tanto e de provocar tantas brigas, está um recado claro, passado ao presidente: O Exército não apoiaria qualquer movimento antidemocrático em caso de ruptura institucional.
O presidente também tomou ciência do desconforto de importantes segmentos das Forças Armadas com a escalada de tensões entre poderes. Bolsonaro parece ter compreendido que, se não mudasse, teria imensas dificuldades para terminar seu mandato, pelos atritos com o Congresso e com o STF.
As Forças Armadas brasileiras têm se mantido fiéis aos seu papel constitucional desde a redemocratização, na década de 80 do século passado. Existem, dentro delas, diferentes correntes de opinião. Mas não interessa a uma fatia considerável e majoritária dos oficiais da ativa misturar Exército, Marinha e Aeronáutica com o varejo de um governo, seja ele qual for. Há o entendimento de que a instituição sofre até hoje com os erros cometidos quando estava no poder e de que seria um risco muito grande se aventurar novamente por esses caminhos.
Também não é visto com bons olhos a participação de militares da ativa em cargos de primeiro escalão, o que ainda é permitido sob licença especial. Melhor, para as Forças Armadas e para o Brasil, que ocupantes de cargos civis com dimensão política ou partidária sejam antes transferidos para a reserva.
O aviso claro dado a Bolsonaro, confirmado por fontes com trânsito e influência em Brasília, não foi o primeiro. Mas, dessa vez, o portador da mensagem não dava margem a teorias conspiratórias. Bolsonaro parece ter optado pelo caminho possível, sob pena de se meter em um beco sem saída.