Nos últimos dias, nossas autoridades têm protagonizado uma bateção de cabeças monumental. O prefeito de Porto Alegre manda abrir o comércio, o governador diz que isso é contra a lei e a Justiça manda fechar. Enquanto isso, atividades voltam ao trabalho na Capital sem que o decreto oficial autorize, porque "combinaram com o prefeito".
Em Pelotas, a prefeita decreta o lockdown, mas a Justiça, a pedido do Ministério Público, manda abrandar. A máscara é obrigatória, mas a fiscalização decide o que vai fiscalizar ou não. E para completar, nossa Câmara Municipal decide que, no meio do bombardeio, é hora de discutir o impeachment do próprio comandante da resistência ao vírus inimigo.
Pobre cidadão. Pobres de nós. Neste jogo de pingue-pongue, somos a plateia que fica com a cabeça para cá e para lá. Desde o começo da pandemia, tenho me esganiçado na defesa da disciplina, do fortalecimento da autoridade e da priorização do combate ao coronavírus.
Cinco meses depois do primeiro caso aqui no RS, nossas autoridades — púbicas e privadas — já tiveram tempo para trocar telefones. E para acioná-los. Não para conchavos ou tratativas escusas, mas para evitar o que deveria ser evitado, tudo dentro da lei e em nome do bem comum. Bem que poderiam conversar mais, para que a gente precise gritar menos.