Neste domingo, dia 7 de abril, se completa exatamente um ano da prisão do ex-presidente Lula, condenado em segunda instância por corrupção no caso do tríplex. Nesse meio tempo, o PT encolheu, nas urnas e nas ruas. O partido vive hoje um dilema. Para encontrar um novo discurso, precisaria se desvincular do ex-presidente. Mas, se fizer isso, perde a sua essência.
Basta olhar para o tabuleiro da política brasileira para concluir que o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula geraram um efeito colateral não desejado e não calculado. A overdose emocional no debate político alimentou os extremos e matou o centro.
Desde a redemocratização, o MDB vinha se firmando como a âncora que impedia o Brasil de escorregar demais, tanto para um lado quanto para outro. Hoje, se resume a um amontoado de nomes inexpressivos, presos ou investigados. Poucos se salvaram. Fenômeno parecido ocorreu com o PSDB. Com isso, o país perdeu seus contrapesos. A falência do centro ficou escancarada na eleição de outubro, quando as candidaturas desse campo bateram cabeça. Nenhuma decolou.
Passados dois anos e meio do impeachment, fica cada vez claro que ele foi um erro. Não do ponto de vista legal, mas sim político. Bagunçou o país, deu voz aos radicais e estreitou o espaço da moderação. A turbulência institucional gerada pelo afastamento da presidente atingiu seu objetivo principal, que era o de combater a corrupção e o PT, partido que liderou – mas não inventou - o maior esquema de roubalheira da história do Brasil. Embora mais lento, o caminho judicial teria o mesmo resultado, com menos traumas.
Tanto o MDB quanto o PSDB estão longe de serem modelos para esses novos tempos em que a ética e transparência viraram as palavras da moda. Mas isso não nos impede de reconhecer que os partidos do chamado centro cumpriam um papel importante no equilíbrio político do país. O processo histórico é contínuo. O futuro certamente jogará novas luzes e estabelecerá novas perspectivas para os fatos aqui analisados. Mas hoje, às vésperas de Lula completar um ano na cadeia, talvez o MDB e o PSDB tivessem outra postura se pudessem voltar no tempo e antever o que aconteceu com a política brasileira.