Tudo. Deus tem tudo a ver com a viagem de Jair Bolsonaro à Terra Prometida. Já no seu discurso de chegada, o presidente brasileiro foi transparente ao explicar a relação entre o seu amor por Israel – declarado no original, em Hebraico - e a Bíblia. Relatou também a sua visita anterior ao país, há dois anos, e a emoção do banho, conduzido por um pastor evangélico, no Rio Jordão.
Muita gente põe a ênfase no lugar errado. Bolsonaro não prioriza apenas o jogo da geopolítica ao se aproximar dos EUA e de Israel. Ele é guiado por outra força, que tem reflexos no comércio, na cultura e nas alianças militares, mas que é causa e não consequência.
Boa parte dos evangélicos mundo afora estabeleceu laços inquebráveis com Israel. Do ponto de vista teológico, a explicação se baseia em uma interpretação que ganhou força nas últimas décadas. O reunião e o bem-estar do povo judeu na terra de Abraão, Isaac e Jacob seria, de acordo com essa visão, um pré-requisito para a volta de Jesus – que nasceu, cresceu e morreu como judeu. Tanto no governo brasileiro quanto no americano essa é, hoje, uma corrente presente e relevante.
Daí se explica também a abertura de um escritório em Jerusalém, cidade que respira religião e na qual estão a Igreja do Santo Sepulcro e a Via Crucis, destino de milhares de turistas evangélicos brasileiros todos os anos. O turismo religioso é um dos pilares econômicos de Israel. Inferior em termos de faturamento ao dos setores de tecnologia e de defesa, mas nem por isso pouco relevante. O turismo tem efeitos mais capilarizados, chegando inclusive à população árabe da região. Belém fica a 15 minutos, de carro, de Jerusalém.
Militar e evangélico, Jair Bolsonaro cita Deus repetidas vezes, tanto nos discursos quanto no seu slogan. Foi eleito com milhões de votos de fieis das igrejas evangélicas. Acredita, legitimamente, que Deus está acima de todos. E sabe que, em Jerusalém, está um pouco mais perto d’Ele.