Apesar do pronunciamento mais inflamado desta sexta-feira, já são vários os sinais de que o presidente Jair Bolsonaro será bem diferente do candidato Bolsomito. Bom para o Brasil.
Defender a reforma da Previdência "possível" foi a etapa mais significativa dessa transformação. A disposição de pensar melhor sobre a liberação das armas é outro sinal positivo. Depois de eleito, Bolsonaro jurou amor à Constituição no seu primeiro evento público e reagiu com serenidade ao puxão de orelhas do Egito, país representante da Liga Árabe, que cancelou uma visita oficial brasileira no primeiro round das retaliações a uma eventual transferência da embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.
Bolsonaro começou, com serenidade surpreendente, a enfrentar um dos seus maiores desafios de governabilidade: acalmar os seus aloprados. Até agora, porque Bolsonaro ainda tem muito crédito político e eleitoral, reina o silêncio.
Quando, há mais de uma década, Lula se moveu em direção ao centro, gerou uma forte reação interna no PT. Nasceu daí o PSOL, formado por ex-petistas de raiz. Lula acabou engolido pelo esquemão e, de certa forma, dando razão aos dissidentes. No fim, parecia confortável nas companhias de Maluf, Sarney, Cunha e Temer. Essa era a turma do Lula.
Bolsonaro, se confirmar a tendência de suavização, corre o risco de ver nascer, daqui a pouco, o seu próprio PSOL. A extrema direita não vê a hora do circo pegar fogo. E nada menos do que fogo a contentará.
Está sendo interessante ver o incendiário virar bombeiro. Sem isso, será engolido pelas chamas.