Língua para fora, respiração ofegante e a procura incessante pelo piso mais gelado. O verão ainda não chegou, mas os cães já estão sentindo os efeitos do aumento da temperatura. Na tentativa de aliviar o calor dos animais, alguns donos acabam recorrendo à tosa. Mas, será que ela é mesmo positiva?
De acordo com a dermatóloga veterinária Andrea F. Nagelstein, uma tosa mal orientada pode acabar prejudicando a saúde do cachorro.
– Não existe regra. A avaliação deve ser feita caso a caso e por um especialista, levando em consideração as especificidades de cada um – aconselha.
Fatores como raça, rotina, tipo de pelo, hábitos e peso do pet são decisivos na hora de saber se passar a maquininha é mesmo uma boa ideia. Raças originárias de países com clima frio ou polar, como Lulu da Pomerânia, Chow-chow, Samoieda, Husky Siberiano, Akita, Spitz e Spitz Alemão, têm uma segunda camada de pelo – o chamado subpelo. Para estas, a tosa é contraindicada, mesmo durante a estação mais quente.
Os pelos agem como um protetor térmico também no calor, e não somente nas baixas temperaturas, segundo a dermatóloga veterinária Vanessa Jegan. Entre os riscos está a alopecia pós-tosa. A doença faz com que a pelagem nasça desparelha, ou até pare de nascer, por conta de danos causados no folículo do pelo.
Quanto à respiração ofegante, Andrea esclarece que é normal, já que os cães e gatos não têm glândulas sudoríparas – responsáveis por produzir suor para regular a temperatura corporal dos humanos. Assim, os animais realizam a troca de calor pela respiração e pelos coxins (as almofadinhas das patas).
Já para cães de raças de pelagem única – sem subpelo – a tosa é segura e auxilia na hora de amenizar o calor, como ressalta Vanessa. Shih-tzu, Poodle, Yorkshire, Schnauzer e Lhasa apso são algumas das que mais se beneficiam do procedimento no verão.
Outras situações que favorecem ou exigem a retirada de uma certa quantidade de pelos são o tratamento de doenças de pele e o controle de carrapatos e pulgas. A veterinária e professora da UniRitter Mariana Caetano Teixeira explica as diferenças entre os tipos de tosa que as petshops costumam oferecer:
– Se o intuito é aliviar o calor, baixamos todo o pelo do animal com a máquina. Já quando o dono quer fazer uma manutenção estética, como, por exemplo, os tradicionais "pompons" dos poodles e a orelhinha em pé do Yorkshire, aí usa-se a tesoura. Também tosamos em exames de sangue e cirurgias.
Com ou sem tosa, o verão exige cuidados especiais com os bichos. Além de oferecer água fresca em abundância, é aconselhado evitar passeios entre as 10h e 16h, quando sol é mais forte.