O contrato para manutenção da freeway, assinado na quarta-feira pelo Dnit, é um descalabro. Pelo menos tiveram o cuidado de não chamá-lo de “emergencial”. A data do fim da concessão estava prevista há 20 anos.
Mesmo assim, a bagunça de Brasília deixou, talvez sem querer, talvez não, que uma das principais rodovias gaúchas fosse condenada ao abandono e os motoristas expostos à falta de ambulâncias e de atendimento. Uma afronta que, em meio à baixaria da campanha eleitoral, nem parece tão grave.
Dois aspectos chamam a atenção. O primeiro é que não há um valor fixado nesse contrato lesivo ao interesse público - independentemente da sua legalidade e lisura. É lesivo porque não deveria existir. Desde o século passado era sabido que em julho de 2018 a atual concessão caducaria e que uma outra licitação deveria ter sido feita, antes.
Pelas cláusulas da gambiarra assinada durante a semana, o dinheiro vai sendo liberado à medida que os serviços forem sendo executados. Não é uma maravilha?
O segundo ponto obscuro é a data. Os manuais básicos de gestão da opinião pública ensinam que, quando não se deseja repercussão de uma notícia, basta anunciá-la perto de um feriado, quando a atenção cai.
Anúncios de grande impacto, que geram aplausos e votos, esses são feitos em horário nobre. Não gosto de autoelogio mas, dessa vez, se tornou quase um dever. Assim que a patacoada da Freeway se consumou, antecipei o enredo que agora se confirma. Inventaram o problema para vender a solução. Ainda faltam as ambulâncias e outros serviços.
Nunca meia dúzia de cancelas abertas custaram tão caro para o seu bolso. Você não nota, mas está pagando, mais uma vez, a conta que não é sua.
Depois, os caciques da velha política vão para a cadeia e fazem cara de surpresa. Ainda falta muito para acabar com essa quadrilha que se acha dona no país.