Vender o Banrisul seria uma tragédia para o Estado. Por vários motivos. Destaco um: com a concentração de mercado, o banco gaúcho é um dos poucos agentes capazes, hoje, de compreender e apoiar a cultura e as pequenas economias locais. Transferir o centro das decisões sobre financiamentos para a Avenida Paulista ou para Brasília seria o caos.
Podem me provar por A mais B que é um bom negócio financeiro para o Estado. Talvez um dia seja inevitável. São Paulo já tem o Bradesco e o Itaú. O governo federal já tem a Caixa e o Banco do Brasil. Deixem o nosso Banrisul aqui. Precisamos dele para apoiar a capilaridade das nossas festas, das nossas pequenas empresas, do nosso teatro, da literatura. Precisamos do Banrisul porque ele sabe o que é Feira do Livro de Porto Alegre. Porque conhece o agricultor e o dono do mercadinho.
Leia também
Olho no Banrisul
Banrisul vira foco na renegociação da dívida
Mesmo com pressão de Meirelles, governo do RS descarta ceder Banrisul
Essa visão local não diminui o banco. Ao contrário. Hoje, cerca de 35% das ações do Banrisul pertencem a investidores de fora do Brasil, todos satisfeitos com os polpudos dividendos e com o desempenho comparável aos dos gigantes paulistas e estrangeiros que atuam no país. Isso explica muito da voracidade fantasiada de pressão política que vem de Brasília, mas não nasceu lá.
Resista, governador Sartori.
Sejamos fortes. O Banrisul, esse sim, é mais que um banco. Mas só nós, aqui no Rio Grande, compreendemos. Deixem o Banrisul em paz. Até o dia em que o apetite dos tubarões seja mais forte que a nossa vontade.