Michel Temer está tenso. Quem convive com ele, sabe. E sabe o porquê. O presidente interino tem desafios enormes pela frente. Ao assumir, será pressionado a dar respostas imediatas à opinião púbica, aos partidos políticos aliados e aos investidores externos. Terá de enfrentar a crise da economia, combater o desemprego, fortalecer a Lava-Jato, construir sua legitimidade no cargo e encarar uma oposição que tentará, nos próximos meses, recuperar o poder.
Do ponto de vista externo, não poupará esforços para dissipar a desconfiança. Será recebido por Obama? Pelos líderes europeus? Terá interlocução com a Ásia e com os países árabes?
O governo Temer terá dois períodos, definidos pelo rito do impeachment. No primeiro, que durará até 180 dias, atacará os problemas urgentes do país, mas precisará dar atenção especial ao Senado. É lá que Dilma Rousseff será julgada de forma definitiva. Serão necessários dois terços dos votos.
Até o desfecho do imbróglio, o Senado será o dono do mandato. Temer trabalhará olhando para dois radares. Em um, a gestão do país. Na outro, a projeção do placar da votação futura.
E no meio de tudo isso, uma eleição municipal, com certeza, pautada pelo novo e movediço cenário nacional.
Michel Temer está tenso. Um bom sinal, se revelar a consciência da gravidade do momento. Assim como a baixa expectativa em relação ao governo provisório pode ser sua maior aliada. Quando se espera pouco, o quase nada vira muito.
Chegou a hora de Michel Temer. Ele jogará no mesmo tabuleiro - Brasília. Com quase todas as mesmas peças - as figuras carimbadas da política nacional. Temer está tenso. Porque sabe como vai ser difícil mudar o jogo.