Desde Catar 0x2 Equador, em 20 de novembro, eu vi praticamente todos os jogos da Copa do Mundo. Nesta quarta-feira (7) e na quinta (8), pela primeira vez desde aquela data, não haverá duelos no Mundial. Portanto, é capaz de bater uma crise de abstinência em alguns torcedores.
Para lidar com a saudade do futebol, a dica é assistir aos filmes sobre o esporte que estão disponíveis nas plataformas de streaming.
Diferentemente do boxe, o futebol é um esporte mais difícil de ser transposto para o cinema. Um exemplo mais ou menos recente de filme que bate na trave é o italiano Decisão (2020), em cartaz na Netflix. Longa-metragem de estreia do diretor Francesco Carnesecchi, tinha potencial para estar em uma simbólica primeira divisão. A trama se desenvolve ao redor de uma final de campeonato juvenil na várzea da capital italiana. Enquanto o jogo rola, acompanhamos, nos bastidores e em flashbacks, os dramas de três personagens arquetípicos: o craque, o treinador e o presidente do time – o Sporting Roma, que nunca venceu nada na vida. Um Íbis da Itália.
Com apoio da montagem e da trilha sonora, Carnesecchi é habilidoso para intercalar as narrativas e criar tensão dramática. A escalada dos conflitos é mesmo sufocante, digna de uma final, seja na várzea, seja em uma Copa do Mundo. Mas faltou ao diretor controlar o registro das interpretações e equilibrar melhor o espaço das tramas paralelas, assim como o tom de Decisão, que de vez em quando vai do drama pesado à comédia pastelão. As cenas de jogo alternam momentos visualmente interessantes, filmados ora de cima, ora às costas dos atletas, com lances que parecem artificiais.
Mas o futebol já rendeu filmes bons e/ou marcantes. Um deles é O Milagre de Berna (2003), de Sonke Wortmann, que recria a vitória da seleção alemã na Copa do Mundo de 1954, alcançada em uma virada contra a poderosa Hungria de Puskas. A conquista é reconstituída nas memórias da família Lubanski, cujo pai é um ex-prisioneiro da Segunda Guerra Mundial que está para retornar após 11 anos na União Soviética. O filme está disponível na plataforma Kinopop.
O contexto da Segunda Guerra também aparece em Fuga para a Vitória (1982), filme dirigido por John Huston que reuniu atores como Sylvester Stallone e Michael Caine a jogadores de futebol do porte de Pelé, Ardiles e Bobby Moore. Na trama, uma partida entre nazistas e soldados dos Aliados torna-se uma oportunidade para escapar do campo de prisioneiros. Veja na HBO Max.
Meu favorito não chega a ser um filme, digamos, inspirador. Na verdade, o protagonista tem temperamento brusco e pendor para o jogo sujo. É Maldito Futebol Clube (2009), de Tom Hooper, em que o ótimo ator Michael Sheen interpreta o técnico inglês Brian Clough durante seus turbulentos 44 dias no comando do Leeds United, em 1974. Está disponível na Claro TV, no Google Play e no YouTube.
O Brasil não poderia faltar nesta lista, né? Linha de Passe (2008), de Walter Salles e Daniela Thomas, é sobre quatro irmãos criados por uma mãe-coragem – um deles com sonho de ser jogador. As cenas na várzea são bem feitas, se não me falha a memória. Pode ser visto na Claro TV, no Google Play e no YouTube.
Heleno (2011), de José Henrique Fonseca, traz Rodrigo Santoro no papel de Heleno de Freitas (1920-1959), trágico craque do Botafogo da década de 1940. Com Angie Cepeda e Alinne Moraes no elenco, o filme pode ser visto no canal Telecine do Globoplay e alugado em Apple TV.
E The English Game (2020) não chega a ser filme e ficcionaliza bastante episódios históricos dos primórdios do futebol, mas a minissérie merece seu lugar na lista por contar como um time de operários sem tempo para treinar enfrentou de igual para igual a equipe da elite. Disponível na Netflix.