Garimpando nas muitas comédias adolescentes lançadas a cada ano (a cada mês?) no cinema e no streaming, pode-se encontrar joias como Honor Society (2022), em cartaz no Paramount+ e estrelada por Angourie Rice e Gaten Matarazzo.
Australiana de 21 anos, Rice encarnou Betty Brant, colega de escola de Peter Parker na trilogia cinematográfica do Homem-Aranha (2017-2021), e fez a filha de Kate Winslet, Siobhan, na minissérie policial Mare of Easttown (2021). O estadunidense Matarazzo, 20, é o Dustin Henderson do seriado Stranger Things (2016-).
Honor Society foi escrito por David A. Goodman, seis vezes indicado ao Emmy como um dos produtores das séries animadas Futurama e Uma Família da Pesada, e marca a estreia em longas-metragens da diretora Oran Zegman, realizadora do premiado curta Marriage Material (2018). A econômica sinopse na plataforma Paramount+ — "O filme acompanha Honor, uma ambiciosa estudante do último ano do Ensino Médio, cuja única prioridade é entrar em Harvard" — esconde as riquezas desta comédia.
A primeira a saltar aos olhos é a atuação de Angourie Rice, completamente à vontade como uma protagonista que volta e meia quebra a quarta parede, compartilhando apenas como espectador seu cinismo e suas reais intenções — ou mesmo as fragilidades que procura esconder de si mesma.
O plano de Honor é ir para a prestigiada Universidade Harvard e abandonar a cidadezinha onde mora com os pais que levam uma vida simples, monótona e algo previsível — a mãe está todos os dias inventando uma nova receita de pão, o pai está todos os dias tentando construir um deque na varanda. A garota está confiante de que ganhará uma carta de recomendação do Sr. Calvin, o orientador educacional interpretado por Christopher Mintz-Plasse (de Superbad, Kick-Ass e Bela Vingança). Na pior das hipóteses, ela não se furtará de atiçar os interesses maliciosos do Sr. Calvin.
Mas a estratégia de Honor é abalada pela descoberta de que há três concorrentes: o astro do lacrosse Travis Biggins (Armani Jackson), a criativa e introvertida Kennedy Park (Amy Keum) e o nerd brilhante, mas vítima de bullying Michael Dipnicky (Gaten Matarazzo). A personagem, então, monta outro plano, agora para se livrar da concorrência.
Alguns dos rumos tomados na jornada desonrosa de Honor são habituais em tramas do gênero (pense em marcos como As Patricinhas de Beverly Hills e Meninas Malvadas), mas haverá surpresas no caminho. Além disso, há uma sofisticação formal, um cuidado para com o desenvolvimento dos personagens (salvo quando o estereótipo é intencional), incluindo os adultos: eles não são bobos ou insensíveis.