No embalo do Rock in Rio — que começou na sexta-feira (2) e vai até o dia 11 —, a Tela Quente desta segunda-feira (5) exibe o filme que abriu um festival de cinebiografias musicais no cinema. O sucesso de Bohemian Rhapsody (2018), sobre Freddie Mercury, vocalista da banda inglesa Queen, pode ser medido em números. Ganhou quatro prêmios no Oscar — melhor ator (Rami Malek), edição, edição de som e mixagem de som (só perdeu na categoria principal) — e faturou US$ 910,8 milhões nas bilheterias (é o campeão no gênero, com bastante folga). De lá para cá, houve uma série de projetos semelhantes, como Rocketman (2019), sobre o cantor britânico Elton John, A Música da Minha Vida (2019), uma homenagem a Brunce Springsteen, Yesterday (2019), que celebra os Beatles, Stardust (2020), uma crônica não autorizada da primeira visita de David Bowie aos Estados Unidos, em 1971, e Elvis (2022), que retrata a trajetória de Elvis Presley da infância à morte.
O longa-metragem que vai ao ar às 23h05min na RBS TV tem direção de Bryan Singer, autor de Os Suspeitos (1995) e de quatro aventuras dos X-Men. Foi o primeiro papel de destaque no cinema do ator Rami Malek, nascido em Los Angeles, em 1981, e filho de pais egípcios. Após receber um prêmio Emmy e um Globo de Ouro pelo protagonista do seriado Mr. Robot, por Bohemian Rhapsody ele conquistou o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta (a premiação britânica) e o troféu do Sindicato dos Atores dos EUA.
O roteiro de Anthony McCarten (indicado ao Oscar por A Teoria de Tudo e por Dois Papas) volta às origens de Farrokh Bulsara, jovem da Tanzânia que passa a se chamar Freddie Mercury depois de ser descoberto pelo guitarrista Brian May (encarnado por Gwilym Lee) e pelo baterista Roger Taylor (papel de Ben Hardy). O filme acompanha a trajetória do Queen até meados dos anos 1980 — portanto, termina antes da morte de Mercury, aos 45 anos, em 1991, um dia depois de ter assumido publicamente que tinha aids.
Mas, em uma liberdade, digamos, cronológica, Freddie recebe o diagnóstico da doença e comunica a seus parceiros de banda às vésperas da apresentação no festival beneficente Live Aid, em 13 de julho de 1985. Fontes biográficas e o depoimento de Brian May no documentário Queen: Days of Our Lives (2011) destacam que esse comunicado se deu bem depois — as primeiras especulações na imprensa britânica datam de outubro de 1986, e Jim Hutton, namorado de Mercury, dizia que o cantor soube da aids em 1987.
A alteração é para efeitos dramáticos e não deixa de aludir à letra da canção Bohemian Rhapsody: "Is this the real life? Is this just fantasy?" (Isto é a vida real? Isto é apenas fantasia?). Há também uma confusão que envolve a primeira visita do Queen ao Brasil, para shows em 20 e 21 de março de 1981 no estádio Morumbi, em São Paulo. O filme coloca a estreia da banda por aqui no fim dos anos 1970 e no Rio de Janeiro. E mais: com cenas gerais do Rock in Rio de 1985.
Falando em 1985, a cinebiografia recria de forma primorosa 15 dos 21 minutos do show do Queen no Live Aid, apresentando na íntegra as faixas Bohemian Rhapsody, Radio Ga Ga, Hammer to Fall e We Are the Champions.