O caso do homem que adotava gatos via redes sociais para depois matar os bichinhos, em cidades gaúchas como Ijuí e Joia, fez lembrar de um documentário estadunidense em cartaz na Netflix: Don't F**k with Cats (2019).
À Delegacia Regional de Ijuí, no noroeste do Rio Grande do Sul, um sujeito confessou ter quebrado as patas e os dentes do gatinho Sargento, um raro sobrevivente dos seus atos de crueldade. Também admitiu que estrangulou até a morte um felino de Joia, município vizinho. Mas um grupo de ativistas acredita que esse morador da região está envolvido no desaparecimento de pelo menos 30 animais de estimação ao longo de 2021.
Dividido em três episódios de mais ou menos uma hora, Don't F**k with Cats: Uma Caçada Online reconta a história de uma pessoa que, em 2010, chocou as redes sociais ao postar vídeos em que aparece assassinando filhotes de gato. Mais detalhes sobre a trama eu não vou dar, porque parte do encanto e do espanto decorre de ir conhecendo aos poucos os fatos e seus desdobramentos.
Escrito e dirigido por Mark Lewis, o documentário é imperdível por três fatores.
Primeiro porque reflete sobre a tal da indignação seletiva: gatinhos, ao que parece, podem comover mais do que humanos.
Segundo porque retrata bem a fome de fama instantânea, que leva algumas pessoas a escolher como porta de entrada a bizarrice ou mesmo a perversidade: o criminoso em questão não parou só nos felinos.
E terceiro porque mostra como, hoje em dia, tudo o que fazemos deixa rastros digitais, deixa pegadas que podem ser seguidas mesmo que por detetives amadores.