Os Jogos Pan-Americanos está chegando ao fim. Pudemos torcer ao longo de vários dias para vários esportes, alguns muito conhecidos, outros nem tanto, mas sempre prevalecendo a torcida para o Brasil, independentemente do esporte. Como atleta, fico muito emocionado em ver o grande público, que normalmente só comenta sobre futebol, falando sobre esportes olímpicos no trabalho, no ônibus e pelas ruas. E, se tratando de esportes olímpicos, venho aqui trazer um panorama no Pan do esporte olímpico mais nobre: o atletismo.
Esse ano, apesar de muito tentar, não consegui me classificar para o Pan. Em compensação, recebi convites para fazer comentários nas transmissões de atletismo que aconteceram pela internet e isso me fez ficar próximo da competição. Normalmente, quando há campeonato grande de atletismo, acompanho todos os dias o máximo de provas possíveis. Mas quando trabalho nas transmissões me sinto mais perto, pois faço sempre uma pesquisa para trazer informações importantes, detalhes dos atletas e curiosidades.
Em função desse “bico” como comentarista que ocasionalmente faço, consigo entender mais como os telespectadores se sentem em relação a determinadas provas e esportes pelos comentários nas transmissões. Primeiramente, é importantíssimo esclarecer que para o atletismo a temporada acabou em setembro, com o final da Diamond League. Já fazem dois meses, portanto, e o desgaste físico dos atletas já está muito além do normal depois de uma batalha longa, que para alguns começou em fevereiro. Logo, dificilmente teremos resultados muito expressivos justamente por isso.
Inclusive, para aqueles que acompanharam durante a semana a transmissão ao vivo, vimos diversas lesões, câimbras e contraturas nos atletas, talvez a mais impressionante sendo a câimbra da Lia Martins, brasileira no salto em distância feminino. Independentemente de temperatura ou clima, isso não é comum no atletismo, é fato que treinamos nossos corpos ao máximo, mas tantos casos de lesões é devido à época do ano. Fica a lição para o comitê organizador repensar melhor as localidades e período de realização dos Jogos.
Comentários reclamando das cores das medalhas e criticando os resultados dos atletas foram muito comuns. Isso me entristece muito sempre e é muito injusto com os atletas brasileiros, já que a competição é apenas um recorte. Como tudo acontece muito rápido e não tem replay ou repescagem, os resultados podem variar independentemente de favoritismo.
O que a maioria não vê é o dia a dia, as renúncias que fazemos, as dificuldades que passamos para chegar lá. Todos são vencedores só por chegarem e isso não é demagogia, é a realidade. O atletismo, até o momento, vem tendo desempenho melhor do que inicialmente projetado e isso é extremamente positivo — ao contrário dos comentários que tenho lido ao longo da semana. Sei que a vasta maioria dos espectadores não acompanham de perto o esporte e é por isso que me dói ainda mais ver a cobrança por resultados.
O Brasil no atletismo tem 11 medalhas até agora — 3 ouros, 6 pratas e 2 bronzes (estou escrevendo na quinta-feira de manhã, ainda restam 2 dias). Isso é acima do que foi inicialmente prospectado. Geralmente, os esportes tentam manter ou melhorar o número de medalhas da edição passada a cada edição do Pan. Em 2019, no Pan de Lima, o atletismo brasileiro conquistou 16 medalhas no total – 6 ouros, 6 pratas e 4 bronzes, um número total sólido, que fica acima da média histórica.
Para se ter ideia, apesar de até o momento termos menos ouros do que na edição anterior, já acumulamos 11 medalhas e ainda restam 28 finais. Ainda temos muitas chances de medalhas, mesmo com ausências importantes como Alison dos Santos, o Piu, nos 400 metros com barreiras, e Thiago Braz, no salto com vara.
Posso garantir para você, meu caro leitor, que o Brasil vai ganhar mais de 16 medalhas nesse Pan e digo mais: é capaz de igualar ou bater o recorde histórico de medalhas no atletismo, que são 23. Com relação ao número de ouros, difícil dizer, mas acredito que serão mais de 6 e menos de 10 (recorde histórico).
É sempre muito complexo fazer previsões de medalhas, sabemos que dentro das pistas os atletas estão sujeitos a todo tipo de coisa, mas num geral, meus colegas de seleção de atletismo estão dando um show em Santiago. Tenho visto grandes atuações nos últimos dias e o Brasil se consolidando cada vez mais como potência olímpica nas Américas.
Torci e continuarei torcendo para que todos ganhem medalhas e consigam encerrar o ano saudáveis. Enquanto isso, por aqui, seguirei trabalhando duro para estar no próximo.