Começam oficialmente nesta sexta (20) os Jogos Pan-Americanos de Santiago e já me sinto muito ansioso para os próximos dias. Até mais do que estaria se estivesse competindo.
Desde que eu era criança, os Jogos têm uma mística e um charme próprio muito especial. Isso reflete muito em como os atletas, a mídia e a grande população os percebem. Não à toa, o evento é chamado carinhosamente de Pan. Para o Brasil, é uma competição chave, que dá vagas diretas e indiretas para as Olimpíadas do ano seguinte. Só depois que me tornei atleta entendi que o Pan é a Olimpíada das Américas.
O Pan é a competição que mais se assemelha aos Jogos Olímpicos. Não digo exclusivamente pelo formato, mas pelo ambiente, pelo clima de celebração entre nações e a qualidade técnica dos esportes.
Tem vila dos atletas, cerimônia de abertura, encerramento, estádios lotados para os mais variados esportes, venda de ingressos com meses de antecedência e quadro de medalhas. Isso torna o Pan extremamente importante para os atletas. Para alguns, é o mais próximo que vão conseguir chegar de uma Olimpíada, para outros é o "esquenta" para os Jogos Olímpicos. Aos comitês envolvidos, termômetro de como estão suas seleções no fim do ciclo.
E por falar em termômetro, talvez um aspecto pouco abordado para falar dos Jogos Pan Americanos seja o aspecto geopolítico. Para os países do topo do quadro de medalhas, o Pan é mais uma forma de "medir" sua relevância na região. Reafirmar protagonismo, liderança e poder no continente.
No último Pan, em Lima, o Brasil conquistou a segunda colocação no quadro de medalhas, superando o Canadá e o México, ficando atrás só dos Estados Unidos. Feito que não ocorria desde 1963. Seria esse um prelúdio da mudança de dinâmica de poderes nas Américas, com o Brasil assumindo de vez o posto de "segundo país mais influente/relevante"?
Esse Pan também evidencia grande mudança na forma de se acompanhar. Pela primeira vez desde 1995, o evento não será televisionado no Brasil. Antes que o leitor se assuste com a informação, devo completar dizendo que será possível acompanhar ao vivo pela internet diretamente pelo YouTube, no Canal Olímpico do Brasil e na CazéTV.
Vejo como positiva essa mudança de formato da TV tradicional para o streaming, pois dessa forma é possível acompanhar mais de um esporte ao mesmo tempo, além de ser possível assistir em qualquer lugar. O streaming permite uma janela maior de opções e isso beneficia também os atletas, que no geral estarão mais em exposição do que estariam na TV.
E já que estamos falando de atletas, vamos torcer para os nossos brasileiros, não só para os que ganharem ouro. Vamos torcer para melhorarem suas marcas, fazerem resultados históricos mesmo sem medalhas, conseguirem vagas olímpicas e que as instituições valorizem cada vez mais os esportes. Eu já estou na torcida, e você?