Samory Uiki

Samory Uiki

Formado em Relações Internacionais pela Kent State University (Ohio, EUA). É atleta olímpico do salto em distância e participou dos Jogos de Tóquio 2020. Representa a Sogipa há 18 anos. Membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE).

Situação esportiva
Opinião

O que é viver para ganhar ou não perder?

Atletas precisam se adaptar às situações exigidas neste âmbito

Samory Uiki

Atleta olímpico

Ben STANSALL / AFP
Pensar na vitória é essencial, mas há lados.

Neste mês, ao me envolver profundamente com o esporte escolar, me peguei tomado pela nostalgia. Lembrei-me do início da minha carreira atlética, há quase 20 anos, e da ansiedade que sentia ao viajar para competir, repleta de expectativas que variavam entre o realista e o delirante.

Hoje, já estou habituado: não perco o sono na semana das competições e não sofro mais de gastrite antes das viagens. Uma reflexão que me ocorreu foi sobre o momento em que precisamos decidir perseverar para seguir o caminho do esporte.

É inevitável: em algum ponto, somos forçados a fazer essa escolha, e é aí que o esporte deixa de ser lúdico para se tornar algo sério. Ao se tornar assim, devemos mudar nossa mentalidade e passar a viver para vencer.

A verdade é que por trás da trajetória de qualquer atleta de origem humilde que transforma sua vida através do esporte está a convicção de que devemos perseverar até alcançar nossos objetivos.

É importante destacar que “ganhar” não significa apenas ser campeão ou acumular títulos, mas sim obter sucesso dentro das oportunidades que surgem.

A mentalidade de viver para vencer é crucial para quem vem de baixo; "matar um leão por dia" é um lema básico para quem realmente deseja alcançar seus objetivos.

Não quero dizer que isso seja fácil. Muito pelo contrário, é um desafio constante. Enfrentamos diversos obstáculos, momentos difíceis e muitas frustrações.

Lidar com os desafios

A vida é assim, e é assim que desenvolvemos a habilidade de lidar com os desafios que surgem. O que percebo é que, diante da primeira dificuldade, alguns jovens desistem ou duvidam de si mesmos, abandonando o esporte e perdendo a chance de explorar todo o seu potencial.

Ao mesmo tempo, isso não significa fazer qualquer coisa para vencer. Trata-se de ter a obstinação e a dedicação necessárias para realizar o que precisa ser feito.

Além disso, uma vez que alcançamos certos objetivos e “ganhamos” oportunidades, a perspectiva muda, e começamos a viver para não perder.

Essa mentalidade de não se acomodar ou dar as conquistas como certas é fundamental. Ao nos esforçarmos tanto para vencer, podemos acabar nos sentindo confortáveis demais e, consequentemente, não nos dedicamos da mesma forma para manter o que conquistamos.

Acredito que o esforço em ambos os casos não é o mesmo: algumas lutas podem ser mais árduas do que outras. No entanto, é essencial que haja esforço, pois há sempre o risco de perder tudo se não agirmos.

Vejo essas duas mentalidades como complementares. Ao ter um objetivo ou um plano de vida, precisamos direcionar nossa energia e agir com a mentalidade de viver para alcançá-lo.

Uma vez atingido, a mentalidade deve mudar. É preciso encontrar formas de extrair o melhor da conquista e permanecer atento para que todo o esforço não seja em vão.

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