Nesse último mês de outubro, tenho trabalhado bastante ativamente na Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) em preparação para a principal competição do ano no calendário: a Gymnasíade sub-18. É a maior competição escolar do mundo e conta com mais de 5 mil estudantes-atletas a cada edição. Esse ano ela foi realizada no Bahrein e foi lá onde estive nas últimas duas semanas.
Como faço parte da comissão de atletas da CBDE em competições, geralmente fico circulando entre esportes para auxiliar os atletas a terem a melhor experiência possível, seja conversando para saber se precisam de algo ou observando os jogos caso haja alguma situação antieducacional ou antidesportiva por parte dos participantes, por exemplo. Isso quer dizer que estamos sempre no meio dos atletas, mas não que somos diretamente responsáveis por eles.
Dessa vez foi diferente, fui nomeado delegado da modalidade de atletismo dentro da Gymnasíade, o que me fez ser o responsável por 36 atletas menores de idade com outros três técnicos.
A minha vida foi “do lado de lá”. Todas as minhas vivencias de competições internacionais foram através da ótica de atleta e, dessa vez, estando como dirigente sinto que cresci muito. Claro que sempre soube que ser dirigente não é fácil, mas dessa vez experienciei como é extenuante o trabalho de quem tem que garantir que os atletas só se preocupem em competir.
Horas de checagem de documentos, elaboração de roteiros, leituras de boletins, manuais e regras antes da viagem. Durante a viagem, tive que estar em muitas frentes por falar inglês: alimentação, transporte, solicitação de materiais, resolução de conflitos, tradução, entre outras coisas acabaram ficando sob minha responsabilidade. Após a viagem ainda temos que escrever os relatórios de finalização de evento que também demandam um certo tempo.
Após quase 20 anos vivendo no meio esportivo e participando de quase todas as competições possíveis do atletismo eu achava que já havia experienciado tudo que podia no meu meio, mas estava enganado. Ainda há muito para aprender e isso me motiva. Tiro muitas lições desse evento e sei que ter essa experiência me auxiliará muito, independentemente do ambiente no qual eu escolha trabalhar.
Tenho me sentido cada vez mais inclinado a trabalhar com o desporto escolar. No Brasil, sempre se fala muito em investir na base, principalmente quando o tópico é esporte e educação, mas de que formas podemos desenvolver a base, não é algo que se deve deixar a critério das escolas, é preciso uma organização que centralize essa função e coordene com as escolas e acredito que a CBDE pode ser isso, por isso tenho trabalhado tanto para mudar a situação do esporte escolar no Brasil. Pode ser pouco agora, mas nós atletas sabemos que o sucesso vem do trabalho diário e por enquanto é nisso que estamos nos concentrando.