Acredito que já mencionei anteriormente, mas eu faço parte da Comissão de Atletas (CA) da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE), composta por 15 membros. A organização visa representar os estudantes-atletas, ser uma ponte de comunicação e interação deles com a CBDE, além de auxiliar no desenvolvimento do desporto escolar nacional. Devido a isso, algumas vezes ao longo do ano, preciso viajar para acompanhar competições e participar de assembleias da organização.
No momento, estou em Recife trabalhando nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBS), da faixa etária de 12 a 14 anos, e devo dizer que é sempre uma experiência transformadora acompanhar esses jovens e crianças competindo. No desporto escolar é um pouco diferente a forma de condução de uma competição dessa magnitude. Nosso objetivo é sempre incentivar a prática esportiva e os bons valores que o esporte ensina.
E além de oferecer os primeiros contatos esportivos para aquele aluno ou aluna, nós conseguimos demonstrar o quão longe eles podem chegar caso se mantenham estudando e treinando. Tentamos reproduzir a mais pura integração entre esporte e educação, que é um dos norteadores da CBDE.
Nessas competições, eu fico no lado da organização, tentando proporcionar a melhor experiência possível para os estudantes. E é uma perspectiva bem diferente da qual estou acostumado. Por estar do lado de cá agora, consigo sugerir, argumentar ou auxiliar os organizadores a fazer com que o evento deixe um impacto positivo. Além de que, por fazer parte da comissão, estamos diretamente em contato com o público-alvo, os estudantes-atletas, e isso nos faz aprender muito também.
E digo que é transformador porque um dos objetivos que temos é de ter pelo menos um representante de cada um dos 26 Estados e Distrito Federal no JEBS. Isso possibilita uma inclusão que poucas vezes conseguimos presenciar, até mesmo no contexto esportivo, e acabamos ouvindo histórias emocionantes, como a de uma equipe do Pará que viajou dois dias de barco antes de pegar o avião para vir competir, as centenas de crianças que nunca haviam estado em uma capital ou os milhares que nunca haviam viajado de avião. Eu mesmo, por mais que já tenha me deslocado muito para competir, agora que faço parte da CBDE, tenho tido o privilégio de conhecer lugares para os quais nunca tinha ido, como Recife.
Temos como missão desenvolver o esporte escolar. Acreditamos fielmente que o esporte tem que começar na escola, é uma das únicas formas do esporte conseguir manter-se sustentável no Brasil. A cada evento, tentamos demonstrar para alunos, professores, diretores, secretários de esporte e demais autoridades envolvidas que o esporte precisa começar no ambiente escolar, mas não conseguimos fazer isso sozinhos. Precisamos de um esforço conjunto para estabelecer essa cultura no nosso país. É na escola onde tudo começa.