Desde o dia 19 ocorre em Budapeste, na Hungria, o Campeonato Mundial de Atletismo. Aproveitei o fim de semana para assistir e torcer para meus companheiros e amigos de seleção brasileira. Vi com bons olhos as performances e atuações de todos até agora, até conversei com alguns. Observei as entrevistas após as provas pela televisão e elas me trouxeram a inspiração para escrever a coluna dessa semana.
Em grandes competições, como Mundiais ou Jogos Olímpicos, atletas só saem da pista após passarem por um extenso corredor com jornalistas, emissoras de tv e rádio do mundo inteiro. Obviamente, não são obrigados a falar com ninguém, mas são sempre encorajados, já que é um momento no qual têm visibilidade para agradecer patrocinadores e apoiadores em geral.
Muitos atletas, que não conseguem performar da forma que gostariam, mencionam que já se sentem realizados por terem chegado até lá e tido a chance de competir num palco tão grande. Entretanto, em muitos casos, isso é visto de forma negativa pelo grande público por passar a imagem de que o atleta está acomodado ou satisfeito só com isso. Porém, se trouxermos dados numéricos para essa coluna, faz muito sentido o motivo de os atletas falarem isso.
Quando se trata de esportes, existe uma gama numerosa de opções das quais as pessoas podem escolher para praticar. É sempre difícil calcular uma quantidade exata, mas estima-se que ao menos 3 bilhões praticam algum esporte para fins de competição ao redor do mundo.
Para trazer pequena ilustração, na ultima Olimpíada, em Tóquio, competiram cerca de 11 mil atletas. Se fizermos regra de 3 simples, chegamos ao resultado de 0,00036%. Isso representa a porcentagem de atletas que praticam esportes e conseguem chegar a uma olimpíada.
É realmente uma chance baixa. Para ilustrar melhor e trazer um caso do nosso cotidiano, a probabilidade de uma pessoa acertar cinco números da Mega-Sena é maior do que a de um atleta ir para os Jogos Olímpicos.
Se fosse um time de futebol levantando o troféu de campeão ou escapando do rebaixamento depois de calcularem essa ínfima probabilidade, seria chamado de milagre. Apenas um atleta a cada 272 mil tem o privilégio de se tornar olímpico, um dado muito interessante. Realmente não entendo porque há essa espécie de julgamento aos atletas que clamam estarem felizes só por terem chegado lá.
Trouxe essas informações "a grosso modo" para que você, meu caro leitor, perceba como é estatisticamente muito difícil um atleta competir nos Jogos Olímpicos. Temos de aceitar que, levando em conta toda a matemática por trás da probabilidade, "apenas" chegar já é, sim, motivo de orgulho e uma enorme vitória.
Garanto que todo e qualquer atleta que tem a possibilidade de competir tamanho evento vai para tentar fazer o seu melhor e ganhar, mas infelizmente campeão só existe um.
Não me faça calcular essa probabilidade.