Desta vez, o "Algumas horas em...", série inspirada no 36 Hours do The New York Times, virou quase um dia. É que fazia tempo que não ia a Nova Petrópolis para aproveitar um pouco mais suas atrações, então a ideia foi dormir por lá mesmo.
O passeio já começa percorrendo o caminho que leva à cidade da Serra, a 88 quilômetros de Porto Alegre — a Rota Romântica e seus plátanos são bonitos em qualquer estação. Antes do roteiro pelo "jardim da serra gaúcha", uma paradinha no Parque Histórico Municipal Jorge Kuhn
(km 193 da BR-116), de Picada Café, a poucos quilômetros do destino final.
Só enxergava o moinho que é cartão-postal da cidade desde a estrada e fiquei surpresa com outras coisas para ver no parque superbem-cuidado, como a Casa Comercial Cristian Kuhn, misto de museu e armazém, com objetos e móveis antigos, gente querida atendendo, onde comprei uma quantidade quase microscópica de farinha de casca de laranja ralada que ainda quero experimentar em um bolo(!). Aos sábados, há uma feira em um dos galpões, de onde saí com morangos e vagens(!!). Mas vamos a Nova Petrópolis, senão a gente fica pelo caminho.
Começando pelo almoço
O nome do restaurante não deixa dúvida de que se estará à vontade: Unser Haus (Avenida XV de Novembro, 809) significa "nossa casa". O exterior é em estilo enxaimel, típico alemão. O interior tem cara de casa de vó, com objetos antigos. Não foi minha primeira vez ali e achei ainda melhor do que eu lembrava. A comida fica sobre um fogão a lenha, com pratos da culinária germânica. Tudo sem exageros, na quantidade certa. E serve a melhor salada de batatas do mundo.
Um parque para esculturas
O mais conhecido parque da cidade é o Aldeia do Imigrante, no Centro, mas, se estiver com mais tempo, vale andar um pouquinho e conhecer o Esculturas Parque Pedras do Silêncio (Rua Emilio Dinnebier Filho, 500, na Linha Brasil). Em mais de 80 esculturas em arenito é contada a história da imigração alemã, de um jeito agradável, num lugar em que o paisagismo ainda precisa de um tempo para completar seu trabalho, como alguém definiu, mas ainda assim bem bonito. Dá para passear, para ouvir a música ao vivo, para tomar chope num carrinho, fazer piquenique com as cestas prontas da Casa Ventura e, com sorte, ainda dar de cara com um dos escultores, autor da maioria das obras, trabalhando sob uma árvore. Além de entender melhor a técnica e o trabalho que deram forma ao parque, você saberá mais sobre a interessante obra do artista.
A casa no caminho
É daqueles lugares do caminho que todo mundo admira e já pensou até em morar um dia. No km 13 da RS-235, a Casa Amarela vale uma parada nem que seja para conhecer rapidamente o prédio, de 1940, que passou por restauração há pouco tempo. No mesmo terreno, casas datadas de 1860, 1875 e 1880 ainda aguardam por recuperação. No piso térreo, a construção abriga ateliê/galeria de arte. No porão, uma adega e espaço para eventos.
Cervejinha de final de tarde
Está ali, na estrada que leva a Gramado, há uns dois meses a Store & Tap Room da Cervejaria Traum, que desde 2014 produz cervejas artesanais. Parei só para um "half-pint", mas não resisti aos bolinhos típicos alemães. A inspiração viking está em objetos da decoração, que é uma graça, aliás. Tanto espaços internos como externos são bem agradáveis. Sim, a cerveja também recomenda.
P.S.: passei rapidamente pela cervejaria Edelbrau, que fica mais próximo do Centro, mas a visita teve de ser deixada para uma próxima. É que já tinha reserva para a atração seguinte.
No jantar, tradição é tradição
Sábado à noite é sinônimo de...pizza. E esta pizzaria, a Forneria da Mata, foi recomendada por uma pessoa que morou por uma década na capital paulista, reconhecida por causa da iguaria: "É comparável às melhores casas de São Paulo", disse. Bingo! Escolhi no menu uma não muito complicada, com presunto parma. Perfeitos, a pizza e o lugar. A casa, em meio à mata, explica o nome (Rua Emílio Raimann, 375).
O descanso na "villa"
Ela merecia um espaço muito maior, mas resumo e sugiro que vá conferir a pousada Villa do Arquiteto — é um dos lugares mais queridos onde já me hospedei. Não só pela arquitetura luso-brasileira, pelas cores, pelos objetos, pelo cuidado com o jardim, mas pelos proprietários: "um bioarquiteto e uma paisagista-decoradora-artista plástica", como se definem, que transformaram a própria casa em hospedagem. Em minutos, parecerá que você está na sua própria.