Em respeito à memória do avô, que ela tanto invocou durante a campanha, Juliana Brizola deveria se manifestar. O silêncio que sobreveio à contagem dos votos não tem justificativa em um processo democrático.
Juliana alimentou a esperança de chegar ao segundo turno, dizia que só ela era capaz de derrotar o prefeito Sebastião Melo, mas ao não se classificar para o segundo turno adotou a mudez como tática. Na política, é preciso saber ganhar e saber perder. Reconhecer a derrota e dizer o que fará no segundo turno é um ato de maturidade política.
Na noite de domingo (6), Juliana tentou transferir para seu vice, Doutor Thiago, a tarefa de dar entrevistas sobre o resultado do primeiro turno. Ele, que não se acanha, disse que não apoiará nenhum dos dois candidatos no segundo turno. É um direito, ainda que conflite com o espírito da eleição em dois turnos, que é garantir ao eleito a necessária sustentação política para governar.
O partido de Doutor Thiago, o União Brasil, não elegeu nenhum vereador. Logo, sua influência na Câmara é zero. O PDT tem apenas um, mas não é disso que se trata no caso de Juliana. É a persona que ela representa que precisa falar, nem que seja para agradecer aos eleitores que confiaram nela.
Os eleitores de Juliana são, em boa parte, pessoas que não gostam nem de Melo nem da deputada Maria do Rosário. No segundo turno, terão de escolher um dos dois ou votar branco ou nulo, terceirizando a decisão para outros eleitores.
Maria do Rosário disse à Rádio Gaúcha que não falou com Juliana para “respeitar o momento dela”. Nisso, age corretamente. A obrigação de ligar para cumprimentar os vencedores seria de Juliana, num gesto de grandeza que reforçaria a ideia de eleição civilizada em Porto Alegre.
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