Se a eleição fosse hoje, dizem as pesquisas, Tabata Amaral (PSB) nem chegaria ao segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo. Como faltam ainda 40 dias para a eleição e o horário eleitoral de rádio e TV ainda não começou, convém prestar atenção na estratégia dessa menina valente, uma das poucas revelações de sua geração. Porque esta não é a primeira vez que Tabata se mostra mais corajosa do que conhecidos valentões da política.
Eleita deputada federal pelo PDT, a mocinha não se intimidou quando Ciro Gomes e Carlos Lupi roncaram grosso, querendo obrigá-la a votar contra a reforma da Previdência. Votou a favor, mesmo com a ameaça de expulsão, e diante das ofensas de Ciro, trocou a rosa vermelha do PDT pela pomba branca do PSB e foi fazer política onde sabia que não teria de andar a cabresto.
Sua candidatura a prefeita, vista como uma aventura, sofreu o primeiro baque quando o apresentador José Luiz Datena, que lhe prometera apoio, resolveu disputar a prefeitura pelo PSDB. Tabata não recuou. Nos debates, mostra uma maturidade impressionante para a idade e é capaz de encarar os embates com o influenciador (sic) Pablo Marçal sem perder a compostura.
Como não tem nada a perder, é ela quem encara Marçal sem medo dos cortes mal-intencionados que ele publica nas suas redes sociais, agora derrubadas por uma ação do PSB. Quando Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) decidiram não participar dos debates, alegando que Marçal não respeita as regras nem a lei eleitoral (o que é verdade), acreditava-se que Tabata acompanharia os dois, mas ela decidiu ir. Foi e não se intimidou com a retórica de Marçal. Ao contrário: partiu para o ataque, mostrou que ele foi condenado e que só não cumpriu pena porque recorreu sucessivas vezes até que o crime prescrevesse.
Nesta segunda-feira (26), Tabata publicou mais um dos seus vídeos didáticos, mostrando as contradições de Marçal. Sem alterar a voz, sem apelar para um terceiro (como fazem os candidatos orientados por marqueteiros quando querem atacar um adversário) e sem medo de dar às coisas o nome que elas têm.
Na forma, o vídeo é uma produção quase caseira. No conteúdo, tem o peso das perguntas incômodas, uma delas é “de onde vem o dinheiro”? No caso, o dinheiro com o qual o ex-coach paga seguidores para divulgarem seus vídeos ou os advogados que recorreram e o livraram da cadeia.
Tabata termina o vídeo desafiando Marçal para o próximo debate — se a candidatura dele continuar em pé: