Durante e logo depois da enchente, as relações entre o governador e Eduardo Leite e o presidente Lula eram mais amistosas do que hoje. O clima de colaboração exigia que deixassem de lado as divergências políticas para atuar na mesma direção: o socorro às vítimas e a reconstrução do Estado, para a qual Lula sempre disse que não faltaria dinheiro do governo federal.
Os primeiros ruídos ocorreram com a nomeação de Paulo Pimenta para ministro da Reconstrução. Leite não reclamou, mas no seu entorno logo começou o tititi, com assessores afirmando que Lula estava fazendo uma intervenção disfarçada no Estado e que Pimenta seria um governador paralelo.
A relação azedou quando Leite passou a criticar o governo federal pela demora na liberação dos recursos prometidos e a fazer discursos mais ácidos em eventos de empresários, como fez na posse da Fiergs e no movimento SOS Agro.
Nesta sexta-feira (16), na visita a Porto Alegre, Lula começou reclamando de Leite no Gaúcha Atualidade, dizendo que ele deveria agradecer em vez de ficar reclamando, porque nunca um governo ajudou tanto o Rio Grande do Sul. Chegou a imitar o governador, em tom de deboche.
Depois, nos eventos com a presença do governador, que estava cercado de aliados do governo federal por todos os lados, Lula pediu aos petistas que não vaiassem, cochichou em alguns momentos e “assoprou” as feridas das estocadas.
No terceiro evento, a entrega do Complexo da Scharlau, Leite foi representado pelo vice-governador Gabriel Souza (MDB), que deu seu recado:
_ Por vezes podemos ser mal compreendidos por setores da imprensa e da sociedade. Vamos fazer cobrança, sim. Mas vamos agradecer também. Tem o dia de pedir e o dia de agradecer. E hoje é dia de agradecer.
Saudade do PSDB
Na entrevista à Rádio Gaúcha, Lula disse que sente saudade do tempo em que a polarização no Brasil era entre o PT e o PSDB.
O presidente justificou que o PSDB era um adversário de alto nível e que foi substituído pelo bolsonarismo, que é incivilizado e desrespeitoso.
Lembrou que, desde 1989, o PT sempre foi o primeiro ou o segundo na eleição presidencial e precisa ser respeitado como força política.
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