Na cerimônia de posse do novo presidente da Fiergs, Claudio Bier, prestigiada pela maior parte do PIB econômico e político do Rio Grande do Sul, dois discursos foram os de maior repercussão: do governador Eduardo Leite e do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, um dos três representantes do governo Lula na mesa de autoridades. Teixeira disse que conhece Bier há muito tempo e que tem “pés de algodão”, referindo-se ao bom trânsito do novo presidente da Fiergs em todas as áreas.
Teixeira lembrou das contribuições de Bier para programas do governo na área da agricultura, como presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Sul.
Nesta sexta-feira (19), em entrevista à Rádio Gaúcha, Bier lembrou o elogio e acrescentou que nunca teve dificuldade de relacionamento com os governos do PT. Contou que, quando Olívio Dutra era governador, o procurou para conversar sobre a Expointer e pediu que o governo cedesse uma área no Parque de Exposições Assis Brasil para o Simers.
— Mas tu vais ter coragem de encarar aquele charco? — perguntou Olívio.
— Vou, e vamos transformar numa grande exposição de máquinas agrícolas — respondeu.
Assim nasceu a que é hoje uma das áreas mais visitadas da Expointer, com exposição de máquinas de última geração produzidas no Rio Grande do Sul.
"Parem de tirar o que é nosso", exclama Leite
O outro discurso de impacto foi o do governador, que acabou sendo o mais aplaudido quando mencionou a luta do Rio Grande do Sul pela anistia da dívida, criticada no centro do país. Leite diz que o Estado não estaria pedindo tratamento diferenciado em relação à dívida, cujo pagamento foi prorrogado por causa da enchente:
— Estamos discutindo o tema da dívida junto ao governo federal e é tema extremamente desafiador. Vejam que os principais jornais do Brasil criticam e atacam a tentativa de renegociação da dívida por Estados brasileiros, dizendo que se trata de beneficiar Estados devedores que são ricos, em detrimento do restante do Brasil — afirmou o governador, que completou:
— Pois eu digo a vocês o seguinte: se nos derem o que dão a outras regiões, como fundo constitucional para financiar empreendedores, indústrias, em regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, se nos derem os royalties do petróleo que turbinam as receitas do Sudeste, se nos derem os benefícios fiscais que entregam à Zona Franca de Manaus e outras regiões, não precisam facilitar o pagamento da dívida, porque se nos derem esses instrumentos nós geraremos riqueza suficiente para pagar essa dívida. Mas se não vão nos dar aquilo que dão a outras regiões, parem de tirar o que é nosso, para que possamos investir no nosso Estado e ajudar ainda mais o Brasil.