
Os principais ministros do governo Lula vivem, desde o início de maio, na ponte área entre Brasília e Canoas, de onde se deslocam par as áreas de catástrofe. Foi uma exigência de Lula, baseado numa frase que pronunciou nesta quinta-feira (6), com voz embargada, ao visitar Passo de Estrela, o bairro mais afetado de Cruzeiro do Sul:
– O que os olhos não veem o coração não sente.
Esta foi a quarta visita de Lula ao Rio Grande do Sul em pouco mais de um mês, sempre acompanhado de vários ministros. Como todas as áreas estão sendo demandadas, ele quer que os ministros ajudem a remover os entraves burocráticos que atrasam a liberação de recursos, a construção de casas e a recuperação de estruturas públicas destruídas pela enchente.
Em cada uma das quatro visitas, Lula anunciou um pacote de medidas. Nesta, atendeu parcialmente a uma das demandas do governo do Estado e dos empresários, de assumir o compromisso com o pagamento de um salário mínimo, por dois meses, para ajudar empresas de áreas alagadas a pagarem seus empregados neste recomeço.
Os empresários queriam um programa semelhante ao adotado na pandemia, com autorização para reduzir jornada de trabalho e suspender contratos, em troca do compromisso de não demitir. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, não detalhou como esse programa será implementado. Feito o anúncio, será preciso regulamentar.
O governador Eduardo Leite reconheceu que a medida ajuda empresas que ficaram debaixo d’água, mas é preciso socorrer também aquelas que terão suas atividades comprometidas em consequência da enchente. É o caso do setor de turismo, que terá prejuízos com o fechamento prolongado do Aeroporto Salgado Filho.
O ministro Paulo Pimenta informou que 138 mil famílias já tiveram aprovado o pagamento do auxílio reconstrução de R$ 5,1 mil. Dessas, 99 mil já receberam o dinheiro. Outras 23 mil ainda não confirmaram os dados.
Na cabine com o presidente
Na viagem de pouco mais de duas horas entre Brasília e a Base Aérea de Canoas, o governador Eduardo Leite ficou no espaço privativo que serve como escritório para o presidente Lula no avião presidencial. Ali vieram também os ministros que acompanharam Lula na visita ao Vale do Taquari.
– Tivemos uma conversa amistosa. O presidente é uma pessoa muito agradável – disse.
Não foi possível avançar nas demandas do Rio Grande do Sul. Lula sequer antecipou para Leite que um dos pedidos feitos por ele seria parcialmente contemplado, o do pagamento de parte do salário dos trabalhadores. Para não estragar a surpresa, o ministro Luiz Marinho desconversou quando foi questionado sobre a medida, talvez porque ainda não tenha os detalhes da implementação.
ALIÁS
Apesar de ter apresentado o pedido na véspera, em Brasília, e voltado de carona com o presidente Lula, o governador Eduardo Leite não recebeu qualquer sinal de que será atendido o pedido de compensação pelas perdas de receita de ICMS. A estimativa é de R$ 1 bilhão em junho e R$ 1 bilhão em julho. Desse total, 25% são dos municípios.