Apresentado nesta sexta-feira (17) pelo governador Eduardo Leite, o Plano Rio Grande traz o roteiro completo do que se pretende fazer a curto, médio e longo prazo para recuperar o Estado devastado pelas enchentes. No powerpoint é um plano consistente, que se estende para além da gestão de Leite, e que tem como um dos seus pilares a participação da sociedade em um conselho com câmaras técnicas temáticas para sugestões e acompanhamento, e a colaboração das universidades no Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática. Para ser perfeito, precisa sair das telas para a vida real.
O Plano Rio Grande tem três frentes distintas. A primeira é a das ações emergenciais, que contemplam a coordenação dos serviços essenciais de recuperação, como limpeza, realocação habitacional, desobstrução das vias e reparos dos serviços básicos. Nessa frente está a construção das “cidades provisórias”, para acomodar com mais conforto e privacidade as pessoas que hoje estão em abrigos. Essa é uma iniciativa extremamente necessária, porque essas famílias precisam de um lugar para ficar até que sejam entregues as casas prometidas pelo governo federal.
A segunda frente é a das ações de reconstrução mesmo. Incluem as áreas de habitação, infraestrutura e recuperação econômica. Por fim, mas não menos importantes, vêm as ações de de longo prazo, chamadas de Rio Grande do Sul do futuro. Essa frente contempla a reconstrução de infraestrutura de longo prazo, fortalecimento da resiliência da comunidade e diversificação econômica, solidificando a economia local
Como uma espécie de contraponto ao presidente Lula, que nomeou o ministro Paulo Pimenta (um político) para ser o ministro da Reconstrução Gaúcha, Leite indicou um técnico, Pedro Capeluppi, que pouca gente identificaria se encontrasse na rua. Nisso, é o oposto de Pimenta, deputado federal que vem empilhando mandatos e provável candidato a governador na eleição de 2026.
De perfil discreto, Capeluppi é funcionário de carreira da Secretaria do Tesouro Nacional, cedido para o Rio Grande do Sul desde o ano passado para assumir a Secretaria de Parcerias. No governo de Jair Bolsonaro, comandou a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, a convite de Paulo Guedes.
A secretaria terá uma assessoria especial de Gestão de Riscos e quatro subsecretarias: Projetos de Reconstrução, Projetos Estruturantes, Inteligência Mercadológica e Parcerias e Concessões.
O vice-governador Gabriel Souza, que comandou as operações na enchente do Vale do Taquari, no ano passado, e que é pré-candidato a governador, vai integrar o trio encarregado de monitorar as ações, ao lado de Leite e da secretária de Planejamento e Gestão, Daniele Calazans.
ALIÁS
Diante da preocupação com uma suposta intervenção federal no Rio Grande do Sul, com a nomeação de Paulo Pimenta para ministro da Reconstrução, o ideal é que ele e o governador Eduardo Leite travem uma disputa para ver quem faz mais. O vencedor será o povo gaúcho se todos, incluindo os prefeitos, olharem na mesma direção.