O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Investigado por suposto envolvimento em tentativa de golpe de Estado, o tenente-coronel do Exército Ronald Ferreira de Araújo Júnior pediu para prestar novo depoimento à Polícia Federal. A defesa do militar, representado pelo escritório gaúcho Sampaio Advogados, encaminhou o pedido à PF nesta quarta-feira (13).
No primeiro depoimento, no dia 22 de fevereiro, em Brasília, Araújo Júnior permaneceu em silêncio. A defesa do militar alega agora que, diante de notícias veiculadas na imprensa de que outros investigados "teriam feito relatos relevantes", Araújo Júnior pretende responder aos questionamentos da PF, esclarecendo a sua relação com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
"Ronald reafirma que é militar por vocação e convicção e que, nessa condição, jamais esteve a serviço de qualquer governo. Sempre serviu ao Exército Brasileiro e nunca questionou eleições, candidatos ou decisões políticas. Não participou, a qualquer título, dos supostos crimes investigados (...)", diz a nota assinada pelos advogados João Carlos Dalmagro Junior e Lissandro Sampaio.
Deflagrada no dia 8 de fevereiro, a Operação Tempus Veritatis investiga uma "organização criminosa" envolvida em suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito. Entre os investigados estão o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro e aliados próximos a ele, como Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto.
Leia a íntegra da nota dos advogados:
A defesa de RONALD FERREIRA DE ARAÚJO JÚNIOR, investigado pelo Supremo Tribunal Federal na Operação Tempus Veritatis, representado pelos advogados João Carlos Dalmagro Junior e Lissandro Sampaio, vem a público esclarecer:
Depois do noticiado pela imprensa no sentido de que outros investigados teriam feito relatos relevantes no bojo da Operação Tempus Veritatis, a defesa de Ronald Ferreira de Araújo Júnior entende por bem que o mesmo possa, ainda que com parcial conhecimento dos elementos de investigação, responder aos questionamentos da Polícia Federal sobre os fatos em tela, em especial sobre sua relação com o Tenente-Coronel Mauro Cid.
Dessa forma, solicitou hoje (13/3) à Polícia Federal designação de nova data para seu interrogatório, a fim de que, de forma clara e objetiva, possa afastar as especulações de que Ronald tenha tido qualquer tipo de participação em quaisquer fatos delituosos, notadamente em tentativa de golpe de Estado ou abolição do Estado Democrático de Direito.
Ronald reafirma que é militar por vocação e convicção e que, nessa condição, jamais esteve a serviço de qualquer governo. Sempre serviu ao Exército Brasileiro e nunca questionou eleições, candidatos ou decisões políticas. Não participou, a qualquer título, dos supostos crimes investigados, tampouco concorreu, intelectual ou materialmente, para a prática de qualquer conduta voltada à subversão da ordem jurídica do país que sempre procurou dignificar por meio da farda. Imbuído desse espírito é que espera poder ser ouvido e esclarecer os fatos à autoridade policial e ao Supremo Tribunal Federal.