O vídeo da reunião ministerial em que se discutiu a possibilidade de "virar a mesa" na eleição de 2022 é revelador de como as relações do então presidente Jair Bolsonaro iam do amor ao ódio.
Em um dos trechos, Bolsonaro fala do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, um dos que teriam sido espionados pela Abin paralela:
— Olha o outro traíra que eu mandei para os Estados Unidos. Dei emprego pra ele de 22 mil dólares por mês, né, Paulo Guedes? O outro irmão dele. Dez mil dólares por mês. E o cara vira inimigo. E alguns preocupados dele ser preso. Não vai ser preso. Ele está pronto pra fazer uma delação premiada no Supremo. O que ele vai falar? O que der na cabeça dele.
Weintraub usa suas redes sociais para tocar o terror na família Bolsonaro, insinuando que sabe sobre futuras prisões.
Por bem ou por mal
A quantidade de palavrões não é a coisa mais chocante no vídeo da reunião ministerial que estava no computador de Mauro Cid. É a forma como Jair Bolsonaro ameaça os ministros que se recusarem a disseminar suas teorias conspiratórias sobre a eleição. Constrangedor.
Professora
O uso do codinome "professora" para se referir ao ministro Alexandre de Moraes torna ainda mais cômica a criminosa ação dos arapongas da Abin paralela. Os espiões de novela seguiam os passos do ministro como se não tivessem nada mais importante para fazer na vida.
Mosca azul
Há três explicações para a adesão de uma parcela das Forças Armadas às teorias golpistas do capitão Jair Bolsonaro: corporativismo (porque ele deu tratamento privilegiado aos militares, em detrimento dos civis), antipetismo (ou anticomunismo, para alguns como Augusto Heleno) e sede de poder, esse bichinho chamado de mosca azul.