Em Porto Alegre para participar do Tá na Mesa da Federasul, o senador Hamilton Mourão (Republicanos) amenizou a ausência do presidente Lula no Rio Grande do Sul para acompanhar as ações de auxílio às vítimas da enchente. Mourão disse que, nesta quarta-feira (6), a principal preocupação de Lula é a reforma ministerial e considerou que a visita do presidente da República teria efeito simbólico.
— Eu acho que a vinda do presidente seria mais algo emblemático. Mas o presidente tem hoje um pepino pra resolver, que é questão dessa mudança ministerial. Ele está tendo que atender muita gente ao mesmo tempo, e está desagradando também a muita gente — contemporizou.
Na terça-feira (5), um grupo de deputados federais gaúchos se reuniu com os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Comunicação Social, Paulo Pimenta, para pedir ajuda humanitária ao Estado. Mourão considera que o governo federal demonstrou "reação" ao enviar Góes e Pimenta para sobrevoar as áreas atingidas.
— Ele (Lula) encarregou os auxiliares, que são capazes de apresentar solução para o problema que nós temos. E o dado colocado é que não vai faltar recurso para recuperar as áreas atingidas — observou.
Em Brasília, a novela que se arrasta há semanas para definir as mudanças na Esplanada parece se encaminhar para o desenlace nesta quarta. Antes de viajar para a Índia, onde assumirá a presidência do G-20, o petista cancelou a agenda para conversar com líderes partidários e avançar com a reforma.
O Republicanos, partido de Mourão, deverá ter o ministro Sílvio Costa Filho (PE) no primeiro escalão do governo. Apesar disso, o senador avalia que a indicação, a ser confirmada, é uma escolha pessoal de Lula e não representa a entrada do partido na base governista.
— O presidente do partido, Marcos Pereira, tem transmitido que é uma coisa pessoal do presidente (Lula) com o deputado Sílvio Costa Filho. Na minha visão, isso não vai configurar uma entrada do partido de cabeça no governo, apesar de a imprensa colocar isso, o próprio governo coloca isso. Se for algo pessoal, eu permaneço no partido. Se for uma entrada de cabeça na base, eu não posso permanecer porque eu sou oposição e não vou mudar — resumiu Mourão.
O senador ainda rebateu a acusação de adversários de que vem poucas vezes ao Rio Grande do Sul, e emendou que costuma cumprir agendas no Estado a cada 15 dias.
— Eu venho bastante ao Estado, aí tem alguém que desconhece a minha agenda. Eu vou muito ao Interior, já estive em Caxias, Alegrete, Carazinho, Passo Fundo, Panambi, Bento Gonçalves.
Apoio a Melo
Mourão considera que o Republicanos deve apoiar a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB) nas eleições de 2024.
— Nós estamos discutindo a estratégia para as maiores cidades. No caso de Porto Alegre, ainda estamos discutindo. Na minha visão, julgo que o partido deveria apoiar de cara a reeleição do Melo — opinou.
Um dos nomes cogitados pelo Republicanos para disputar a prefeitura é o do deputado federal Luciano Zucco.
Embarque no governo Leite
O senador defendeu também a entrada do Republicanos no governo Eduardo Leite. Mourão ponderou que há uma discussão na bancada do partido na Assembleia, com três deputados favoráveis ao ingresso na base e dois contrários. Apesar disso, o senador entende que a entrada seria positiva para a legenda.
— Eu considero o Eduardo Leite um excelente governador, fez excelente trabalho no primeiro mandato, é alguém que tem futuro no país como liderança nacional. Acho que seria bom para o partido.
Entre os nomes citados por Mourão como possíveis secretários de Leite estão o deputado federal Carlos Gomes e o ex-ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira.