Se alguém disser que só agora soube que, no projeto da empresa GAM3 Parks para o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, consta uma roda gigante de 66 metros de altura ao custo de R$ 60 milhões está mentindo, não se informa ou acabou de desembarcar de um planeta fora do Sistema Solar. O parque um dia chamado de "Harmonia" está no centro de uma guerra de visões que não serve aos ambientalistas, nem aos investidores, nem à cidade.
Aqui escreve uma pessoa que ficou chocada ao ver o parque do alto do prédio do Ministério Público, depois da retirada das 103 árvores suprimidas junto com boa parte do gramado de um campinho. E que se assustou com a informação de que a prefeitura havia autorizado a derrubada de um total de 435.
O parque com 300 árvores a menos do que tem hoje ficaria totalmente descaracterizado, mas a diretora da GAM3, arquiteta Carla Deboni, garante que os cortes necessários já foram feitos e pode-se parar por aqui.
A prefeitura errou em dar uma licença tão ampla, mesmo sabendo que o empreendimento não exigia o corte de tantas árvores.
Diante desse compromisso, que está em seu recurso para derrubar a liminar que embargou as obras, e que Carla Deboni reafirmou no programa Gaúcha Atualidade, não há razão para a proibição ser mantida.
O embargo não impedirá a montagem da roda gigante nem fará com que o parque volte a ser público. A licitação cumpriu todos os trâmites burocráticos e legais, a GAM3 foi a vencedora e assumiu a área há dois anos. Entre os compromissos que está obrigada a cumprir destaca-se o fornecimento do espaço para a instalação do Acampamento Farroupilha. Esse é o evento que será prejudicado se as obras seguirem proibidas.
O que a empresa está fazendo hoje é preparar a infraestrutura para a festa que dura um mês e recebe milhares de visitantes. Se continuar parada, quando setembro vier não haverá banheiros, instalações elétricas e hidráulicas, lojas e galpões. Não haverá Acampamento Farroupilha e você, que não é tradicionalista, tente explicar para os que são o que a paralisação das obras vai acarretar.
Na pandemia a festa não ocorreu, mas são eventos incomparáveis. As árvores arrancadas não irão voltar aos seus lugares como quem rebobina um filme. As que serão plantadas a título de compensação irão fazer sombra em outros espaços, daqui e sete ou oito anos, dependendo da espécie.